Page 51 - Na Teia - Mauro Victor V. de Brito
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de Intolerância (Decradi) para que fosse aberta uma investigação

           apurando se houve abuso por parte da polícia. As travestis presas
           foram liberadas no mesmo dia, mas o processo de investigação
           não chegou a uma resolução, até o momento.
             Segundo relatos, as ações do Sargento Pires continuaram,
           mesmo com o caso da prisão das travestis tendo alcançado certa
           repercussão. Em outras abordagens, o sargento chegou a dizer: “se
           você continuar na Praça vou te abordar todos os dias, vai que eu

           encontre 1kg de cocaína com você”, conta uma vítima em entre-
           vista publicada no jornal Esquerda Diário.
             Ainda em outubro de 2017, o G1, site de notícias do Grupo
           Globo, publicou uma matéria mostrando que travestis que se pros-
           tituíam próximo ao Jockey Club, na zona sul da capital paulista,
           abriram queixa contra policiais militares que trabalhavam irre-
           gularmente como seguranças particulares em mansões da região,
           alegando que eles as agrediam e as ameaçavam de morte. As
           travestis também relataram que, no mesmo dia em que ocorreu a

           ação na República, os policiais obrigaram seus clientes a usarem
           roupas femininas, uma forma de tentar afastar a clientela.
             “Foi uma série de casos em um curto período de tempo. Nós ficamos
           sabendo de outros ataques da Polícia Militar e até de grupos de extermí-
           nio, na região da Rua Rego Freitas [centro de São Paulo], mas nenhum
           ganhou notoriedade, a grande maioria fica subnotificado, porque as
           meninas que sofrem não denunciam para evitar retaliações. Além de

           quererem evitar problemas com o eixo construído entre o sistema de
           cafetinagem e a polícia. Por mais que a gente peça para denunciar de
           forma anônima, elas não fazem e eu entendo isso”, explica Helcio.
           “Elas precisam trabalhar, se as atitudes da polícia começam a ser cons-
           tantemente denunciadas, os PMs vão dar um jeito de atrasar o lado


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