Page 5 - HOLOCAUSTO
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NO BRASIL

                           O  braço  da  inquisição  chegou  ao  Brasil  através  da  Bahia  em  1591  com  o
                  desembargador  do  Paço  e  deputado  do  Santo  Ofício,  Heitor  Furtado  de  Mendonça,
                  adoecido e recolhido ao Colégio  dos  Jesuítas. "E a primeira saída que fez", diz frei
                  Vicente do Salvador, "ainda mal convalescido, foi para assistir ao primeiro ato de fé
                  em que ele, visitador publicava na Sé suas patentes, e concedia o tempo das graças".
                           Afixado à porta da Sé, diversos delitos estavam capitulados: apostasia, erros
                  luteranos,  heresia,  tatuagem,  pecado  da  carne  e  práticas  judaicas.  Em  judaísmo
                  incorriam os que "com roupas, atavios e joias de festa, guardavam os sábados. Os que
                  não comiam toucinho, lebre, coelho, polvo, arraia ou pescado sem escama. Os que em
                  agosto celebravam o Yom Kippur e, em setembro, praticavam o jejum maior. Os que
                  rezavam contra a parede, os que botavam um grão de aljôfar ou dinheiro douro ou
                  prata em boca de defunto ou, ao morrer gente em casa, esvaziavam cântaros e potes".

                               NO RIO DE JANEIRO E RECONCAVO DA GUANABARA

                           Após  a  expulsão  dos  franceses,  e  o  massacre  imposto  aos  Tupinambás,
                  começou pelos portugueses a ocupação em torno da baia de Guanabara. Cristóvão de
                  Barros, (cristão novo), constrói seu engenho de açúcar em Magé. Com as concessões
                  que se seguiram, "Cristóvão Monteiro assenhora-se do vale do Iguaçu; Alexandre Dias
                  no rio Suruí; Antonio Vaz, a que fora dada a Brás Cubas em 1578, também nos rios
                  Suruí, Meriti, Saracuruna, Casserebú, Mutuapira e Tapacorá".
                           Irradiam-se  as  fazendas  no  recôncavo,  multiplicando-se  os  engenhos  de
                  açúcar, na principal atividade econômica, que em breve teria o seu apogeu no século
                  XVII, com a chegada dos escravos.
                           O conflito dos portugueses com os holandeses na primeira metade desse século
                  no  Nordeste  favoreceu  o  Rio  de  Janeiro  com  o  aumento  de  suas  exportações,
                  ampliando o retalhamento das sesmarias para construção de novos engenhos.
                           Muito desses ocupantes eram “cristãos novos”, que haviam perdido a proteção
                  dos holandeses derrotados. Durante seu domínio em Pernambuco, os judeus gozaram
                  de paz e prosperidade. "O alfaiate Tomas Lopes "o Maniquete" tornado guarda do
                  Varadouro  de  Olinda  era  quem  a  badalar  campainha  pelas  ruas,  dava  aviso  das
                  reuniões na sinagoga de Camaragibe. No tempo de Nassau, as melhores casas na cidade
                  e  os  maiores  engenhos  na  Capitania  pertenciam  aos  judeus.  era  tal  a  pujança
                  econômica nesse tempo - informa frei Manoel Calado - que negros e negras tilintavam,
                  nas mãos, moedas de ouro e prata. E ao cerco de Recife, cinco mil seguidores da lei
                  mosaica  estiveram  presentes  na  resistência".  Com  a  ocupação  de  Pernambuco  pelos
                  portugueses, inúmeros desses fugitivos fixaram residência no Rio de Janeiro no século
                  XVII, entretanto, poucas foram as interferências do Tribunal nesse período.
                           "Há notícia de três pessoas presas no Rio de Janeiro e enviadas para Lisboa no
                  decorrer do século XVII: Isabel Mendes, Miguel Cardoso e Diogo da Costa". Assim, o
                  Rio de Janeiro durante essa centúria, era quase um "porto seguro" para os cristãos
                  novos da Colônia, uma vez que o Tribunal não se interessou por eles antes do século
                  XVIII, quando seus descendentes foram denunciados e presos como judaizantes.
                           Divididas em freguesias por seu caráter religioso, o recôncavo fazia-se presente
                  na economia da capitania, criando na parte ocidental da Baia, as freguesias de Irajá,
                  São João do Meriti, Jacutinga, Campo Grande e Jacarepaguá.



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