Page 6 - HOLOCAUSTO
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As  roças  de  mandioca  para  atender  os  engenhos  de  farinha,  o  milho,  as
                  hortaliças e as frutas também faziam parte desse celeiro, beneficiado pelo solo humoso,
                  fertilizado pelo  leque de rios,  que serviam de escoamento da colheita abundante em
                  direção ao Rio de Janeiro. Criação de gado, engenhos de aguardente, olarias e extração
                  de lenha, completavam a atividade dessa gente  que se instalavam na cidade, e tinham
                  como fonte de renda o campo.
                           Segundo o padre José de Anchieta, no final do século XVI, 3850 almas faziam
                  parte dessa população "sendo três mil de índios, setecentos portugueses e uma centena
                  de índios africanos". Durante o século seguinte, a riqueza que se acumulava com uma
                  economia essencialmente agrária, criou a figura do senhor de engenho, "lavradores de
                  partido, e homens brancos que exerciam funções técnicas nos engenhos, como mestre
                  de açúcar, e nas cidades eram artesãos, intermediários na exportação, importadores de
                  bens  de  consumo  e  escravos,  pertencente  aos  quadros  da  burocracia  colonial,  e  os
                  profissionais  liberais,  como  advogados  e  médicos”,  compunham  o  alvorecer  dessa
                  burguesia fluminense.
                           Constituindo  essa  pequena  população  branca,  "os  Lucena,  os  Cardoso  e  os
                  Barros,  tinham  seu  lugar  como  proprietários  de  terras"  fazendo  parte,  durante  o
                  século XVII "do grupo dos "homens bons" e participaram da burocracia colonial", diz
                  Lina Gorenstein.
                           Combinando  atividade  agrária  no  campo  com  a  burocrática  na  cidade,  os
                  cristãos  novos  valiam-se  dos  familiares  para  administrar  o  engenho.  Era  impossível
                  "dissociar  esse  grupo  urbano,  daquele  ligado  a  produção  do  açúcar:  assim,  essa
                  incipiente burguesia cristã-nova fluminense de início do século, tinha raízes na grande
                  propriedade agrícola monocultora e escravista do açúcar, com o qual  se encontrava
                  profundamente relacionada".
                           A propriedade da terra no recôncavo foi desde cedo, cedida a cristãos novos,
                  Antonio  de  Lucena  recebeu  do  governador  Salvador  Correia  de  Sá,  "uns  chãos
                  devolutos", segundo as "cartas de sesmarias do Rio de Janeiro (1595-1606) também a
                  Diogo  de  Montarroio,  Manoel  Gomes,  Miguel  Cardoso  e  Antônio  de  Barros  casado
                  com d. Brites Lucena".
                           O  mais  antigo  engenho  de  cristãos  novos  no  Rio  de  Janeiro,  do  qual  existe
                  descrição,  segundo  Gorenstein,  "pertencia  a  Sebastião  de  Lucena  Montarroio  e  sua
                  esposa Beatriz de Paredes, em meados do século XVII. Era um engenho de três paus
                  em Maragoí, sob a invocação de N. Sra. do Rosário, coberto de telhas e com moenda".
                           Com  a  construção  de  uma  capela  dedicada  a  N.Sra.  da  Apresentação,  nos
                  arredores  do  Rio  de  Janeiro,  era  criada  em  1647  a  freguesia  de  Irajá,  pelo  padre
                  Gaspar  da  Costa,  tornando-se  paróquia  independente  no  mesmo  ano.  Ocupada  por
                  vários  engenhos  de  açúcar,  "Irajá  parece  ter  sido  preferida  por  muitos  dos  cristãos
                  novos que no Rio de Janeiro se dedicaram a atividades agrícolas, tais como os Paredes
                  e os Ximenes”, diz Vivaldo Coraci.
                           Em São João de Meriti, paróquia também criada em 1647 com a denominação
                  de Trairaponga, tinha por limites ao Norte, a freguesia de Jacutinga ao Sul a de Irajá,
                  a  Oeste  com  Campo  Grande  e  a  Leste  com  a  baia  de  Guanabara.  A  presença    de
                  “cristãos  novos”  nessa região, foi  bastante  intensa  durante todo o  século XVII,
                  "Alexandre Soares pereira era dono de um engenho no sitio da Pavuna, em São João
                  de Meriti, engenho herdado de seu pai João Soares Pereira. José Gomes Silva, homem
                  de negócios, contratador, era também senhor de engenho em Meriti, tendo como sócio
                  o Capitão Pereira Galvão". João Correia Ximenes, casado com Brites de Paredes, filha



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