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Quero descrever e sentir o desenvolvimento prodigioso de um
filósofo que quer o conhecimento, do filósofo da humanidade.
A maioria dos homens subsiste tão bem sob a condução do instinto
que não reparam em absoluto o que acontece. Quero dizer e fazer notar o
que acontece.
O filósofo aqui é idêntico a todo esforço da ciência. De fato, todas
as ciências se baseiam unicamente no fundamento geral do filósofo.
Demonstrar a unidade prodigiosa em todos os instintos do conhecimento: o
erudito falido.
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A infinidade é o fato inicial original: só se deveria explicar de onde
vem o finito. Mas o ponto de vista do finito é puramente sensível, isto é,
uma ilusão. Como se pode ousar falar de uma determinação da terra!
No tempo infinito e no espaço infinito não há fins: o que está lá
está lá eternamente, sob qualquer forma que seja. Que mundo metafísico
deve haver, é impossível de prever.
Sem nenhum apoio desse tipo é necessário que a humanidade possa se manter
de pé — tarefa imensa dos artistas.
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O tempo em si é um absurdo: só há tempo para um ser que sente. E
o mesmo ocorre com o espaço.
Toda forma pertence ao sujeito. É a apreensão da superfície através
do espelho. Devemos abstrair todas qualidades.
Não podemos nos representar as coisas como são, porque não
deveríamos justamente pensá-las.