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Nossa ciência da natureza caminha para a ruína, para o mesmo fim
daquele do conhecimento.
Nossa cultura histórica caminha para a morte de toda civilização.
Ela combate as religiões — é acessoriamente que aniquila as civilizações.
É uma reação não natural contra a pressão religiosa terrível —
fugindo agora até o extremo. Sem qualquer medida.
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Uma moral negadora supremamente grandiosa, porque
maravilhosamente impossível. Que sentido tem o homem dizer não! Com
toda a franqueza, enquanto todos os seus sentidos e todos os seus nervos
dizem sim! E que cada fibra, cada célula se opõe.
Quando falo da assustadora possibilidade de o conhecimento tender
para a ruína, estou pelo menos disposto a tecer um elogio à geração
presente: nela não tem nada de semelhantes tendências. Mas quando se
olha para o caminho da ciência desde o século XV, semelhante poder e
semelhante possibilidade se manifestam sem dúvida alguma.
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Uma excitação sentida e um olhar lançado para um movimento,
ligados um ao outro, dão a causalidade antes de tudo como axioma
fundado na experiência: duas coisas, a saber, uma sensação determinada e
uma imagem visual determinada, aparecem sempre juntas: que uma seja a
causa da outra, é uma metáfora tomada da vontade e do ato, um raciocínio por
analogia.
A única causalidade de que temos consciência está entre o querer e
o fazer — é aquela que referimos a todas as coisas para explicar a relação
entre duas variações concomitantes. A intenção ou o querer produz os
nomina (nomes), o fazer produz os verba (palavras).