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Valor objetivo do conhecimento — não torna melhor. Não tem fins
últimos universais. Seu nascimento é devido ao acaso. Valor da
veracidade. — Sim, ela torna melhor! Seu objetivo é o declínio. Procede a
um sacrifício. Nossa arte é a imagem do conhecimento desesperado.
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A humanidade tem no conhecimento um bom meio para perecer.
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Que o homem se tenha tornado assim e não de outra forma é
certamente obra sua: que esteja tão engajado na ilusão (o sonho) e
orientado para a superfície (o olho), essa é sua essência. Será de espantar
que mesmo os instintos de verdade terminem por desembocar de novo em
seu fundamento?
127
Nós nos sentimos grandes quando ouvimos falar de um homem
cuja vida foi aniquilada por uma mentira e que, no entanto, não mentiu —
mais ainda, quando um homem de Estado, pela preocupação com a
veracidade, destrói um reino.
128
Nossos hábitos se tornam virtudes graças a uma transposição livre
no domínio do dever, pelo fato de trazermos a inviolabilidade nos
conceitos; nossos hábitos se tornam virtudes pelo fato de considerarmos o
bem particular menos importante que sua inviolabilidade — por
conseguinte, pelo sacrifício do indivíduo ou pelo menos pela possibilidade
entrevista de semelhante sacrifício. — Quando o indivíduo começa a se
considerar pouco importante, começa o domínio das virtudes e das artes —
nosso mundo metafísico. O dever seria particularmente puro se na essência
das coisas nada correspondesse ao fato moral.