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interpõe. É com um juízo falso que essa qualidade começa — ser
verdadeiro significa ser sempre verdadeiro. Daí provém a tendência de não
viver na mentira: supressão de todas as ilusões.
Mas é jogado de uma rede a outra.
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O homem bom quer também ser verdadeiro e crê na verdade de
todas as coisas. Não só da sociedade, mas também do mundo. Por
conseguinte, acredita também na possibilidade de aprofundar. De fato, por
que razão o mundo deveria enganá-lo?
Transpõe, portanto, sua própria tendência no mundo e acredita que
o mundo também deve ser verdadeiro para com ele.
135
Considero falso falar de um objetivo inconsciente da humanidade.
Ela não é um todo como um formigueiro. Talvez se possa falar do objetivo
inconsciente de uma cidade, de um povo: mas que sentido tem falar de um
objetivo inconsciente de todos os formigueiros da terra?
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É no impossível que a humanidade se perpetua, essas são suas
virtudes — o imperativo categórico, como a oração "filhos, amai-vos", são
dessas exigências do impossível.
A pura lógica é, portanto, o impossível, graças ao qual a ciência se
mantém.
O filósofo é o mais raro no meio do que é grande, porque o
conhecer só veio ao homem acessoriamente e não como dom original. É
também por isso que é o tipo superior do que é grande.