Page 70 - Os Lusiadas Contados as criancas e lembrado ao povo
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Vasco da Gama, que já começava a conhecer aqueles patifes, nada fez.

                  Ficou muito quieto e não enviou nenhum recado a bordo.


                  Preferia morrer sozinho a sacrificar os seus.

                  A noite que passou foi angustiosa. O Catual vigiava-o e esperava. Vasco da

                  Gama fingia pensar noutra coisa. E, como o Catual era muito cobiçoso e

                  reconheceu  que  nada  obtinha  do  Gama  por  esse  meio,  acabou  por

                  combinar  libertá-lo,  se  dos  navios  viessem  presentes  e  mercadorias


                  bastantes.

                  Vasco da Gama, já mais seguro da sua vida e da vida dos seus, mandou

                  então alguém aos navios pedir as mercadorias, que logo vieram. Vendo isto,

                  o Catual soltou-o.

                  Recolheu o Gama à sua nau, deixando em terra apenas dois feitores, para


                  guardar as suas fazendas, e trocar algumas pelos produtos da índia.

                  Bem queria o Catual apanhá-lo outra vez em terra...

                  Nunca mais o apanhou, é claro...

                  Em segurança dentro dos navios da frota, os nossos livraram-se bem das

                  manhas do Catual.


                  Mas este é que já se não livrou da fama de intrigante e interesseiro, incapaz

                  de compreender a generosidade e grandeza de alma de Vasco da Gama e

                  dos seus fiéis marujos, todos audazes e nobres portugueses...
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