Page 106 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
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     Por alguns desacreditada
               Corre atrás do mestrado
               Para que com um futuro letrado
               Possa vingar sua fé
               Num Brasil onde o filho do José
               Filho do porteiro
               De um modo bem certeiro
               Possa estar na universidade
               Com justiça e equidade
               Esse desabafo é o meu trabalho
               É dele que me valho
               Pois a poesia, meus amigos
               É crítica, é reflexão
               Uma "arma" poderosa
               Nas lutas sociais é vigorosa
               Um reconhecimento de si e do outro
               Assim, esse barco social não fica no porto
                      Esse cordel foi o meu pontapé inicial, meu primeiro escrito como estudante da
               Universidade Federal do Paraná, pois, mesmo sendo professora de Língua Portuguesa e
               redação na rede pública e privada de ensino e conhecendo as alegrias e as mazelas de
               ambos os ambientes, antes daquele debulhar de lágrimas de alegria por estar em tão
               almejado lugar, ainda não estava pronta para reconhecer o fato de que a caipira, filha da
               empregada doméstica, estava tendo acesso a um mundo acadêmico e científico que
               jamais imaginaria participar.
                      Nada é facilmente conquistado.
                      Sofri,  chorei,  lutei,  “Ano  passado  eu  morri,  mas  esse  ano  eu  não  morro”  –
               BELCHIOR (1976).
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                       PROCESSOS E PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: HISTÓRIAS DE VIDA E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
     	
