Page 110 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
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Lembro que a decepção fora enorme, eu havia me esforçado e, aparentemente, não
               havia motivos para tal resultado. Na minha percepção, voltara aquela sensação antiga de

               que eu não era inteligente o suficiente, além de perceber que, paulatinamente, minha
               companheira timidez atrapalhava muito meu rendimento. Novamente, pensamentos de

               desistência da profissão passavam a assombrar-me. Mas eu lembrava dos meus pais e
               dos  seus  esforços  financeiros  para  com  meus  estudos  e  isso  me  deu  forças  para

               continuar.
                      Nesse  mesmo  período,  fui  convidada  para  atuar  em  um  Projeto  Social,

               experiência essa que também me fez muitas vezes questionar se eu realmente queria
               prosseguir  neste  caminho.  Cada  dia  era  uma  experiência  nova:  as  lembranças  do

               transporte escolar até a delegacia, das vezes em que tive de esconder-me para não ser
               apedrejada. São muitas memórias.

                      Neste mesmo ano tive a primeira oportunidade de atuar como pedagoga em uma
               escola  de  Educação  Especial,  por  meio  de  um  contrato  estatal.  Nessa  ocasião,  a

               frustração já estava passando, eu vislumbrava outras direções, sentia orgulho, afinal, eu
               era a pedagoga da Escola Estadual de Educação Especial Lucy Requião. Quando alguém

               falava da instituição, fazia questão de dizer: já trabalhei lá. A experiência foi excelente,
               mas ao voltarem as memórias tenho maturidade para dizer: como eu era inexperiente,

               muitas  pessoas  ajudaram-me  e  compreenderam  minhas  limitações,  mas  o  melhor
               pensamento  de  todos  é:  como  eu  evolui,  melhorei,  tanto  profissional,  quanto

               pessoalmente.
                      O contrato estatal foi renovado até o ano de 2011, entretanto, nos anos seguintes,

               a atuação foi como docente da Educação Especial. Tal oportunidade foi o estopim para
               eu trabalhar com estudantes especiais, o que veio ao encontro de minha formação, afinal

               tinha realizado o Curso Pós-Graduação Lato Sensu em Educação Especial. Apesar de
               esse curso ter sido feito pensando-se na inclusão de alunos na rede regular de ensino e

               não na minha inclusão como docente na educação especial, foi uma das primeiras vezes
               que agradeci por ter sido dispensada do tão sonhado estágio, pois, talvez, se isso não

               tivesse  acontecido,  não  teria  alçado  sonhos  maiores.  Hoje,  penso  que  passar  por
               dificuldades não é bom, mas algumas delas nos trazem importantes lições, nos levam a

               lugares melhores, nos levam a adotar novas estratégias.


                                      A vida é como uma guerra, com muitas batalhas; é preciso saber guerrear. Mas
                                      não adianta lutar por lutar. Sem metas e estratégias você não irá a lugar algum.
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