Page 108 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
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18.    Vivências e experiências: uma trajetória que não se desfez – Por Juliane
               Machado Pereira

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                                                                     projetando  o  futuro  e  remodelando  o
                                                                     passado”.
                                                                              Jane Quintiliano Guimarães Silva

                      Meu nome é Juliane Machado Pereira, sou natural de Campo Largo, no estado do

               Paraná e jamais imaginei que rememorar um pouco de minha trajetória seria algo tão

               importante e reflexivo.
                      Para Silva (2010, p.605)


                                      Rememorar  ou  recordar,  termos  aqui  intercambiáveis,  fundam-se  em  uma
                                      operação mental, caracteristicamente individual, psicológica, que traz à baila
                                      elementos de um mundo íntimo, (inter)pessoal e cultural, os quais alimentam
                                      um quadro de referência partilhado.


                      A sensação foi de voltar ao tempo, de perceber que, apesar de tantos obstáculos,

               tudo  está  valendo  a  pena.  Tenho  orgulho  de  quem  eu  sou  e  da  trajetória  que  estou
               construindo.
                      Sou mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação: Teoria e Prática de

               Ensino, da Universidade Federal do Paraná, na linha de pesquisa Formação da Docência
               e  Fundamentos.  Entretanto,  o  caminho  até  o  presente  momento  foi  percorrido  com

               várias dificuldades. São tantas memórias, vivências, noites em claro...
                      Venho  de  uma  família  simples,  sem  grandes  formações,  mas  que  sempre  me

               encorajou  a  estudar,  a  alcançar  o  que  meus  pais  não  conseguiram.  Durante  toda  a
               infância e adolescência, ouvia que o estudo era imprescindível e que, para que isso se

               concretizasse, meus progenitores trabalhavam sem medir esforços.
                      Embora durante a escolarização eu tenha apresentado inúmeras dificuldades de

               aprendizagem, em especial na área de exatas, minha visão era conseguir atingir a média
               para  que,  mais  tarde,  o  esforço  resultasse  em  um  bom  emprego.  Porém,  além  das

               dificuldades de aprendizagem, havia outros problemas que me faziam querer finalizar
               meus estudos o mais breve possível, para que não fosse mais necessário frequentar o

               ambiente  escolar,  e  talvez  o  mais  salutar  de  todos,  tenha  sido  a  timidez.  Ela  se
               desenvolveu  por  eu  ser  considerada  diferente,  por  não  me  enquadrar  ao  modelo

               imposto pela sociedade. Assim, quando questionada sobre aspirações futuras, jamais


                                                                                                       106
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