Page 132 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
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Magistério é o trabalho com vidas, não só a do outro, mas também a minha. A docência
               revela o quanto em construção estamos e o quanto é bom vivenciar a construção do

               outro. Cada qual a sua maneira.
                      Parágrafos grandes. Ufa!

                      Acho  que  minha  vida  sempre  foi  assim,  com  histórias  que  não  podem  ser

               interrompidas pela norma culta da Língua Portuguesa... Aí a outra paixão, na verdade
               medo. Sempre andei muito de ônibus... Naquela época, além de ler os livros durante

               os  trajetos,  fitava  os  olhos  nas  escritas  das  mochilas  dos  universitários...  Uma,  em
               especial,  chamará  a  minha  atenção:  “Letras  Português/Espanhol”,  pensei  comigo:

               “Quem escolheria estudar a nossa língua? E ainda outra? Como assim? É preciso amar
               a Língua Portuguesa...”

                      Percebi que gostava muito de ler e muito mais ainda de escrever, mas o rumo da

               escola, das cobranças, fez com que me afastasse bastante do Português, chegando a
               odiá-lo,  com  verdadeiro  afinco.  Sim,  a  escola  tem  desses  milagres.  Sobrevivi,

               sobrevivemos, afinal você está lendo este texto. Quantas lembranças boas e quantas
               lembranças cruéis. Mas também, se pararmos para olhar para trás... as mudanças são

               uma  constante,  nada  permanece,  ou  melhor,  alguns  sentimentos  permanecem,  em
               menor ou maior grau.

                      Lá atrás percebemos que era diferente, cada um viveu à sua maneira, trazendo

               para si a composição do que é hoje. Lembro-me que, quando dava aulas no Ensino
               Superior  para  turmas  da  Pedagogia,  perguntava  e  fazia  as  alunas  se  perguntarem:

               como serei como professora? O que há na didática que não se explica para uma prática
               docente?  O  que  farei?  Como  serei?  Ou  ainda,  o  que  não  farei  e  o  que  não  serei?

               Lembrei-me porque sempre ao revisitar alguns traumas da escola eles, em sua maioria,
               relacionavam-se à figura do professor. Assim, um dos estímulos para a carreira era o

               fazer diferente. Ser a professora que eu gostaria de ter.
                      Tive  a  impressão  de  me  perder...  Uau...  Uma  lembrança  realmente  tem  a

               capacidade de puxar outra. Tudo bem, continuando. Ou melhor, vou permitir à minha
               mente o fluir das lembranças... Após terminar o 3º ano do Ensino Médio (perdão pelas

               datas e anos, definitivamente, este não é o meu forte), a escolha pelo curso superior foi

               baseada no mercado de trabalho, afinal eu tinha o magistério, precisava de algo a mais,
               para  conseguir  me  colocar  de  forma  diferente,  a  opção  foi  Letras/Português  e


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                       PROCESSOS E PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: HISTÓRIAS DE VIDA E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
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