Page 133 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
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Espanhol. Loucura! Lá fui eu! Novos mares, ondas desconhecidas, ilhas desertas, uma
imensidão de areia... A partida foi dada para contar os grãos... Sim, percebi que
precisaria contá-los. Lá fui eu, livros, estudos, dedicação, sempre com a impressão de
que pouco sabia. Na época trabalhava em escolas de Educação Infantil, bem lembrado!
Desde o magistério, não parei mais de trabalhar... E tudo começou na Educação
Infantil (que é quando temos “pique” para o tanto de energia que nos deparamos).
Não sei o motivo, mas lembrei-me o quanto a música sempre esteve presente
em tudo na minha vida, acho que ela dava a energia necessária para o dia a dia. Não
era fácil, mas na verdade não sei se eu tinha ao certo essa percepção de que não era
fácil... Mas às vezes percebia nos mais próximos que para eles era um pouco diferente,
mas (sim, duas conjunções adversativas, esse texto é meu e não da Língua Portuguesa)
não me interessava isso, pois queria fazer diferente, ser diferente. Era aquilo que tinha
na vida, o que faria com aquilo? O melhor que pudesse. Embalada pela música do fazer
diferente – naquela época, sem brincadeira eu ouvia Agepê (estou rindo muito), minha
referência vinha da minha amada avó, ah também incluía os sucessos da paixão dela
Julio Iglesias, bem como um lado mais comportado dos Cantos Gregorianos. Ah vó,
acho que escrevo esse texto com tanta emoção, porque a encontro em cada linha. Ali, à
sua maneira, fazendo absolutamente tudo por mim. Quanta parceria, estávamos juntas
em e para tudo, sim, brigávamos também (bastante), quanta coisa aprendi, até hoje...
o sereno me faz mal... Na verdade não tenho essa certeza, mas a convicção com que ela
me falava, me fez acreditar... e cá estou, escondida dele.
São muitas as memórias que me vêm, mas não quero registrar aqui as
dificuldades enfrentadas, afinal elas que me fizeram forte, trouxeram a força para me
afetar. Eita, agora lembrei-me de um fato, na desordem das minhas memórias, lá da
4ª série, que engraçado. Vou contar, quando minha avó me buscava na escola,
voltávamos conversando, acredito eu que era muito tagarela e tinha muitas perguntas,
que dó de minha vó, enfim... ninguém daria conta de tamanha curiosidade. Ela sempre
andava muito rápido, ou talvez minhas pernas fossem pequenas demais (eis o perigo
de não relativizar as coisas). Bom, neste dia ela havia comprado uma delícia coxinha
de frango, maior que minha mão, minha vizinha que fritava esses salgados, mas não
era sempre que podíamos comprar... às vezes ficava só no cheiro mesmo, mas estava
tudo bem! Porque minha vó me fez perceber que não é ruim não ter, mas é
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PROCESSOS E PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: HISTÓRIAS DE VIDA E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES