Page 59 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
P. 59

conceitos,  a  despertar  as  potencialidades  inatas  dos  indivíduos  para  que  se
                                      forme um consenso em torno de verdades e eles próprios encontrem as suas
                                      opções.” (BOECHAT, 2008)

                      Quando guiamos os nossos alunos nas descobertas de uma outra cultura, no meu

               caso através da língua inglesa, vejo os olhos brilharem e isso me ensina mais do que
               qualquer  academia  poderia.  Acredito  que  deve-se  ensinar  línguas  não  somente  pela

               língua,  mas  sim  pela  cultura,  hábitos  e  costumes  dos  povos  falantes  da  mesma.
               Geralmente quando peço para os alunos pesquisarem determinado país falante da língua

               inglesa e no final das apresentações os alunos vêm me contar empolgados sobre algum
               fato curioso do país ou até mesmo que quando tiverem a oportunidade querem viajar

               até esse país me sinto realizado. Ou seja, ensinar uma língua é ensinar o todo dessa
               língua, aquilo em que a língua está inserida e para qual finalidade será usada. Usando as

               palavras  de  Edgar  Morin  (2001)  no  que  diz  sobre  reformular  o  pensamento  em
               pensamento complexo.

                                      Sendo todas as coisas causadas e causadoras, ajudadas, mediatas e imediatas,
                                      e  todas  elas  mantidas  por  um  elo  natural  e  insensível, que  interliga  as  mais
                                      distantes e as mais diferentes, considero impossível conhecer as partes sem
                                      conhecer o todo, assim como conhecer o todo sem conhecer, particularmente,
                                      as partes [...] (MORIN, 2001,  p.25).

                      Uma outra ocasião vivida em minha memória foi quando um aluno, bolsista no

               curso de inglês que trabalhava, veio me dizer uma vez que a partir daquela aula iria vir
               para o curso uma semana e outra não por conta da falta do dinheiro de passagem, mas

               que era para eu não me preocupar que ele iria estudar em casa e fazer as unidades por
               conta própria e nas aulas que viesse tiraria as dúvidas comigo, e que se possível não

               desse falta para ele para não perder a bolsa, pois sabia que aquela oportunidade era
               muito  importante  para  ele  no  futuro.  Esse  pedido  me  chocou,  naquele  momento  o

               professor se tornou aluno.
                      Ali tive uma aula sobre determinação e força de vontade, que por mais que todas

               as  estatísticas  estejam  contra  você,  desistir  não  era  possível.  Na  conversa  com  esse
               aluno, pude ver na prática aquilo que minha sempre falava para mim “ Se quiser mudar

               de vida, o único caminho é estudar.” Anos depois o aluno se formou no curso de inglês,
               entrou na faculdade e hoje tem um belo emprego em que o inglês fez toda a diferença

               para ele conseguir entrar.
                      Nessa lição de vida que tive com esse aluno me fez lembrar, recorro novamente

               ao  pensamento  de  Paulo  Freire  ao  dizer  que  as  pessoas  mudam  o  mundo  pelo

                                                                                                        57
                       PROCESSOS E PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: HISTÓRIAS DE VIDA E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
   54   55   56   57   58   59   60   61   62   63   64