Page 56 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem

Essa é a escola para mim, um ambiente vivo, cheio de emoções, cheio de
diferentes saberes que se encontram e conectam num propósito de um saber ainda

maior.
Numa bela tarde de aula, entrou na sala pessoas vendendo um curso de inglês,

como sempre fui uma criança consciente da realidade financeira da minha família não
prestei muita atenção. Até que a palavra bolsa de desconto me atraiu e eu ergui o braço

e perguntei o que seria essa bolsa, e o rapaz disse que os seis primeiros meses
pagaríamos uma taxa bem barata para estudar só o que precisávamos fazer era escrever

uma pequena redação sobre o porquê que gostaríamos de estudar inglês.
Eu com 10 anos de idade me empenhei em escrever, isso não era um esforço pois

amava fazer isso. Minha redação deu uma folha frente e verso, nada pequena. Resultado
fui selecionado, ligaram para a casa da minha avó para dar a notícia. As duas

confabulavam em como poder pagar a tal “taxa barata” para não acabar com os sonhos
daquele menino que só queria ter contato com uma nova experiência linguística, e eu

acompanhando de longe, aflito, pois sabia que seria difícil para elas arcarem com essa
despesa. Até que minha avó se levantou e disse: “ Tudo bem, eu pago os seis primeiros

meses, mas depois não posso mais.” Parecia um canto de vitória para mim, um louvor
que ascendia aos céus. "Hosana nas alturas, vou estudar inglês.” Depois desses seis

meses, minha mãe pensou em um jeito de não tirar de mim a alegria que era estudar
inglês e separou uma parte da pensão alimentícia para pagar o curso de idiomas que

estudei dos 10 aos 17 anos e mais 1 ano de complementação pedagógica para me tornar
instrutor de ensino de inglês.

Durante esse tempo no Rio de Janeiro houve um sucateamento das escolas
públicas estaduais da rede e minha mãe teve a ideia para que eu estudasse e fosse para

um instituto técnico de Ensino Médio, onde o ensino era um pouco melhor e terminaria
com uma profissão. Sabia que minha mãe não podia arcar com os custo de um curso

preparatório, então nos intervalos das aulas de inglês e a escola eu estudava por minha
conta para passar na prova dessa escola técnica, me planejei para ter nota o suficiente

para passar de ano antes que o ano letivo terminasse para me dedicar a prova.
Passei e fui estudar numa cidade vizinha nesse Instituto técnico, encarava quase

duas horas de transporte público para chegar, mas não reclamava, pois era o tempo para
um cochilo, para fazer uma leitura ou até mesmo para terminar um trabalho de casa

esquecido. Como o estudo era integral de segunda a sábado, continuei com a ideia da

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PROCESSOS E PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: HISTÓRIAS DE VIDA E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES