Page 55 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
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não podia demorar pois tinha que ir para a escola no contra turno. No centro esportivo
fazia aulas de basquete e handball, cheguei até a me aventurar no atletismo, mas as
minhas duas paixões na época eram a natação e o volleyball. Nessas duas modalidades
fiquei por anos, da infância até a adolescência.
Uma outra paixão minha quando criança era estudar, não me lembro de ter
dificuldades em aprender a ler e escrever, parecia algo natural para mim, num belo dia
percebi que estava lendo pequenas histórias e escrevendo as minhas próprias. Nunca
tive uma caligrafia muito bonita e exemplar, eu lembro que veio um recado para a minha
mãe comprar mais um caderno de caligrafia pois o primeiro já tinha terminado e minha
letra ainda não estava satisfatória, até hoje não é, mas graças a Deus pelo computador.
Era apaixonado por estudar história, ficava fascinado por descobrir coisas do passado
em países tão remotos, que só sabia da existência pela televisão. Estudar para mim era
um hobby, um lazer.
Minha avó chegou até a dizer em algumas ocasiões que eu amava procurar
palavras difíceis no dicionário para soltar numa conversa entre adultos e ser elogiado por
eles. Ciências era outra paixão acadêmica, assistir vídeos de fita cassete que o professor
levava para sala e observar os experimentos era o auge do dia, como não tínhamos
laboratório na escola era assim que a ciência nos presenteava com a suas mudanças de
estado da água por exemplo. Ver aqueles tubos de ensaio coloridos e ver que um rapaz
vestido de branco conduzia aqueles experimentos como um “Deus” me fascinava, ficava
vidrado na tela, sem piscar os olhos por nem um segundo.
A escola era o meu porto seguro, o meu lugar de aconchego, lá tinha amigos,
conversava com professores, zeladores e merendeiras, amava fazer parte desse meio e
eu me lembro ainda criança dizendo que nunca queria sair da escola, daí nascia a minha
vontade de me tornar professor talvez. Essa representação da escola para mim me faz
recordar de um poema encantador de Paulo Freire, chamado A escola é:
Escola é ...
o lugar que se faz amigos.
Não se trata só de prédios, salas, quadros, Programas, horários, conceitos...
Escola é sobretudo, gente
Gente que trabalha, que estuda
Que alegra, se conhece, se estima [..]
(Paulo Freire, no poema “Escola é”, s/d)
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PROCESSOS E PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: HISTÓRIAS DE VIDA E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES