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MARX, CRISTÓVÃO COLOMBO E A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO | DOMENICO LOSURDO
que favoreceu fortemente a vitória da Revolução de Outubro (à qual as
nacionalidades oprimidas pela autocracia czarista e grande-russa deram
forte contribuição), marcou também a conclusão do ciclo histórico por
ela aberto.
Aqui manifesta-se toda a inconsistência das dicotomias que con-
trapõem o marxismo originário e ocidental – único, autêntico e digno
de atenção – ao marxismo do século XX e oriental. Mais do que em
Marx e Engels, encontramos em Lênin uma compreensão mais pon-
tual e aprofundada sobre a questão nacional como elemento essencial
e construtivo da questão democrática (o princípio da autodeterminação
é a democracia aplicada às relações internacionais). Após a catástrofe
da Hungria, Mao acusa a URSS de ter alterado, com sua política de in-
dustrialização forçada, não só a relação com os camponeses, mas tam-
bém com as minorias nacionais. Após a queda da URSS, Fidel Castro
observou: “Nós socialistas cometemos um erro ao subestimar a força
do nacionalismo e da religião” (a religião é, ou pode ser, ela mesma um
elemento constitutivo da identidade nacional: pensamos no catolicismo
na Polônia). Compreende-se bem por que o destaque da centralidade da
questão nacional, no âmbito do socialismo, provenha de representantes
do Terceiro Mundo (as vítimas do pseudouniversalismo ou “interna-
cionalismo” das grandes potências coloniais). Isto vale até para esta-
distas distantes do movimento comunista, ainda que, pelo menos ini-
cialmente, cheios de simpatia para com os eventos históricos iniciados
com o Outubro. Após a invasão soviética da Hungria, Nehru observa:
“Os eventos de 1956 demonstram que o comunismo, quando imposto
de fora para dentro, não pode durar. Ou melhor, se o comunismo an-
dar contra o sentimento nacional difuso, não será aceito” . O marxismo
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ocidental revelou-se, ao contrário, insensível a tal questão, apesar de,
obviamente, não faltarem exceções (em primeiro lugar, Gramsci que,
aliás, extrai o tesouro da lição de Lênin).
9 BRECHER, M. Vita di Nehru, trad. it., idem, p. 47.
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