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LOSURDO. PRESENÇA E PERMANÊNCIA
O ‘Trud’, o instituto sindical do trabalho, por meio
de cartazes de parede, conduziu (...) uma campanha
pela pontualidade (...), ‘Tempo é dinheiro’; para cre-
denciar uma palavra de ordem tão estranha foi feito
o uso, nos cartazes, até da autoridade de Lênin. De
tanto que uma tal mentalidade é estranha aos rus-
sos. Sobre tudo prevalece o seu instinto brincalhão
(...). Se, por exemplo, pelas ruas é rodada a cena de
um filme, eles se esquecem de por que e aonde vão,
se juntam à trupe por horas e chegam ao trabalho
atordoados. Na administração do tempo, o russo con-
tinuará ‘asiático’ até o último segundo” .
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O apelo para racionalizar a produção e compreender que “tempo é
dinheiro” custava a abrir caminho, pelo fato de que a visão “asiática” –
o que podemos chamar de “asiatismo” – exercia o seu fascínio sobre os
populistas, inclinados a se encantarem com o sonho de uma sociedade
na qual ninguém tem pressa ou está preocupado em fazer o seu traba-
lho e a sua tarefa produtiva de modo ordenado.
O “asiatismo” não é certamente partilhado por Lênin que, já em
março-abril de 1918, observou: “Em comparação com os trabalhadores
das nações mais avançadas, o russo é um mau trabalhador (...). Apren-
der a trabalhar: eis a tarefa que o poder dos sovietes deve colocar diante
do povo em toda a sua amplitude” .
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E aprender a trabalhar significava não apenas colocar um fim de
uma vez por todas ao absentismo e ao anarquismo no local de trabalho,
mas também saber levar em conta “o sistema Taylor”. Mesmo que des-
tinado à exploração no mundo capitalista, ele continha “uma série de
riquíssimas conquistas científicas no que diz respeito à análise dos mo-
vimentos mecânicos durante o trabalho, à eliminação dos movimentos
desnecessários e desordenados, à elaboração dos métodos de trabalho
36 BENJAMIN, 2007, p. 34-35.
37 LO, p. 27; 231.
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