Page 158 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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metido em coisas tão sórdidas.
Kay levantou os olhos para a mãe com surpresa.
— Como é que você sabia que Mike freqüentava Dartmouth? — indagou.
— Vocês jovens são tão misteriosos — respondeu a mãe com complacência — e pensam
que são muito espertos. Sabíamos do seu romance com ele durante todo o tempo, mas
naturalmente não podíamos falar nisso, enquanto você não tocasse no assunto.
— Mas como vocês souberam? — perguntou Kay.
Não podia encarar o pai, agora que ele sabia que ela e Mike dormiram juntos. Assim, não o
viu sorrir quando ele disse:
— Abrimos as suas cartas, naturalmente.
Kay ficou horrorizada e aborrecida. Agora ela podia encará-lo. O que ele fizera era mais
vergonhoso do que o próprio pecado dela. Nunca poderia esperar isso dele.
— Papai, você não fez, você não podia ter feito.
O Sr. Adams sorriu para ela.
— Debati comigo mesmo qual era o maior pecado: abrir as suas cartas ou ignorar algum
perigo que a minha única filha poderia estar correndo. A escolha foi simples, e virtuosa.
A Sra. Adams disse entre garfadas de galinha cozida:
— Afinal de contas, querida, você é extremamente inocente para a sua idade. Tivemos de
ficar alerta. E você nunca falou sobre ele.
Pela primeira vez, Kay ficou satisfeita porque Michael nunca fora carinhoso em suas cartas,
E mais contente ainda porque os pais não tinham visto as cartas dela.
— Nunca falei a vocês sobre ele, porque pensei que vocês ficariam horrorizados com a
família dele.
— Nós ficamos — respondeu o Sr. Adams cordialmente. — A propósito, Michael entrou em
contato com você?
Kay balançou a cabeça.
— Não acredito que ele seja culpado de coisa alguma.
Percebeu os pais trocarem um olhar.
— Se ele não é culpado e sumiu — disse gentilmente em seguida o Sr. Adams — então talvez
alguma coisa deve ter acontecido a ele.
A princípio, Kay não entendeu. Depois levantou-se da mesa e correu para o quarto.
Três dias depois, Kay Adams saltou de um táxi em frente da alameda dos Corleone, em
Long Beach. Ela telefonara e estava sendo esperada. Tom Hagen foi recebê-la na porta, e ela
ficou decepcionada por ter sido ele. Sabia que Tom nada contaria a ela.
Na sala de estar, ofereceu-lhe uma bebida. Ela vira dois homens rondando a casa, mas não
Sonny. Perguntou diretamente a Hagen:
— Você sabe onde Mike está? Sabe onde posso entrar em contato com ele?
Hagen respondeu calmamente:
— Sabemos que está bem, mas não sabemos seu paradeiro. Quando soube que aquele
capitão tinha sido mortalmente baleado, teve medo de que o acusassem. Assim, resolveu
desaparecer. Falou-me que entrará em contato comigo dentro de alguns meses.
A história não somente era falsa, como também significava que devia ser aceita.
— O capitão de fato quebrou a cara de Mike? — perguntou Kay.
Infelizmente isso é verdade — respondeu Tom. — Mas Mike nunca foi vingativo. Tenho
certeza de que isso nada teve a ver com o que aconteceu.
Kay abriu a bolsa e tirou uma carta.
— Quer entregar-lhe isto, se ele entrar em contato com você?
Hagen balançou a cabeça negativamente.