Page 161 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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cama e precisa de companhia.
Carlo ficou curioso.
— Sonny ainda está dirigindo o espetáculo?
Connie lançou-lhe um olhar meigo.
— Que espetáculo?
Ele ficou furioso.
— Sua cadelinha carcamana nojenta, não fale comigo desse jeito, porque mato a portadas
esse fedelho que você tem na barriga.
Ela olhou apavorada, e isso o enfureceu ainda mais. Carlo pulou da cadeira e esbofeteou-lhe
o rosto, deixando-o com uma mancha vermelha. Com rapidez, deu-lhe mais três bofetadas. O
lábio superior rachou sangrando e começou a inchar. Isso fê-lo parar. Não tencionava deixá-la
marcada. Ela correu para o quarto, batendo com a porta. Ele ouviu a chave virar na fechadura,
sorriu e voltou ao seu café.
Rizzi fumou até chegar a hora de se vestir. Bateu na porta dizendo:
— Abra-a antes que eu a derrube a pontapés. — Não houve resposta. Vamos, tenho de me
vestir — disse ele em voz alta.
Ele ouviu a mulher levantar-se da cama e caminhar para a porta, depois a chave virar na
fechadura. Quando entrou no quarto, Connie deu-lhe as costas, voltando para a cama e deitando-
se com o rosto virado para o outro lado, para a parede.
Rizzi vestiu-se rapidamente e então reparou que ela estava de combinação. Queria que a
mulher fosse visitar o pai e trouxesse informações a respeito da situação.
— Que é que há, algumas bofetadas lhe tiram toda a energia?
Connie era uma mulher preguiçosa.
— Não quero ir — respondeu chorosa, murmurando as palavras.
Rizzi estendeu o braço impacientemente e fê-la virar-se de frente para ele. E então
compreendeu por que ela não queria ir e concordou que fosse muito bom mesmo que ela não
saísse de casa.
Compreendeu que a esbofeteara com mais violência do que imaginara. Sua face esquerda
estava deformada, o lábio superior grotescamente inchado e branco, embaixo do nariz.
— Muito bem — disse ele — só chegarei em casa tarde. Domingo é o meu dia mais
ocupado.
Ao deixar o apartamento, encontrou no seu carro um talão verde de multa de 15 dólares de
estacionamento. Pôs o talão no porta-luvas, juntando o a uma pilha de outros. Estava de bom
humor. Esbofetear de vez em quando a cadelinha mimada sempre lhe fazia bem. Consolava-o da
frustração que sentia por ser tratado tão mal pelos Corleone.
A primeira vez que lhe fez uma marca, ficou um pouco preocupado. Ela fora diretamente a
Long Beach para se queixar à mãe e ao pai e para mostrar o olho contundido. Ele realmente não
devia ter procedido assim. Mas quando ela voltou estava surpreendentemente submissa, a
obediente mulherzinha italiana. Rizzi fez questão de ser o marido perfeito, durante as semanas
seguintes, tratando-a bem em todos os sentidos, sendo-lhe amoroso e gentil, trepando com ela
todo dia, de manhã e de noite. Finalmente, Connie contou-lhe o que acontecera, julgando que o
marido jamais procederia novamente daquele jeito.
Contou que achara os pais frios e indiferentes e ainda riram dela. A mãe demonstrara
alguma pena, e até pedira ao pai que falasse com Carlo Rizzi. Mas o pai recusara.
— Ela é minha filha — retrucara — mas agora pertence ao marido. Ele conhece o seu
dever. Nem o rei da Itália se atreve a meter-se nas relações de marido e mulher. Vá para casa e
aprenda a comportar-se de modo que ele não bata em você.
— Você já bateu em sua mulher? — indagou Connie zangada com o pai.
Era a sua filha preferida e podia falar com o pai nesse tom impertinente.
— Nunca ela me deu motivo para bater nela — respondeu-lhe.