Page 197 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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para que Michael nunca mais tenha de se preocupar com isso novamente. Do contrário, não há
vantagem em que ele volte para este país. Assim, vamos todos pensar no assunto. Isso é a coisa
mais importante.
— Agora — prosseguiu todo homem tem direito de fazer uma besteira na vida. Já pensei na
minha. Quero todos os terrenos em torno da alameda, assim como as casas, comprados. Não
quero que homem algum possa olhar pela sua janela para o meu jardim, mesmo da distância de
quase dois quilômetros. Quero uma cerca em torno da alameda, que deve ser protegida durante
todo o tempo. Quero um portão nessa cerca. Resumindo, desejo agora morar numa fortaleza.
Deixem-me dizer-lhes agora que nunca mais irei à cidade trabalhar novamente. Estarei semi-
aposentado. Sinto necessidade de trabalhar no jardim, de fazer um pouco de vinho quando chegar
a época das uvas. Quero viver em minha casa. A única possibilidade de sair dela será quando eu
tirar umas pequenas férias, ou quando tiver de ver alguém sobre um negócio importante, e então
quero que se tomem todas as precauções. Agora, não levem isso a mal. Não estou preparando
nada. Sou e sempre fui um homem prudente, não há nada que eu ache pior neste mundo do que a
negligência pela vida. As mulheres e as crianças podem ser negligentes, os homens não. Ajam
vagarosamente em todas essas coisas, nada de preparativos frenéticos para assustar os nossos
amigos. Pode ser feito de tal maneira que pareça natural.
E Don Corleone continuou:
— Agora vou deixar as coisas cada vez mais a cargo de cada um de vocês três. Quero o
regime de Santino debandado e os homens colocados nos regimes de vocês. Isto tranqüilizará
nossos amigos e mostrará que eu quero realmente a paz. Tom, quero que você reúna um grupo
de homens que vá a Las Vegas e me forneça um informe completo sobre o que se passa por lá.
Conte-me o que há com Fredo, o que está realmente acontecendo, ouço dizer que eu não
reconheceria o meu próprio filho. Parece que ele agora é cozinheiro, que se diverte com as
garotas mais do que deve um homem normal. Bem, ele sempre foi muito sério quando mais
jovem e nunca foi o homem indicado para o negócio da Família. Mas vamos ver o que é que
realmente se pode fazer lá.
Hagen perguntou tranqüilamente:
— Devemos mandar o seu genro? Afinal de contas, Carlo nasceu em Nevada, conhece tudo
aquilo
Don Corleone balançou a cabeça.
— Não, minha mulher está sozinha aqui sem nenhum de seus filhos. Quero que Constanzia e
seu marido se mudem para uma das casas da alameda. Quero que Carlo tenha uma função de
responsabilidade, talvez eu tenha sido muito duro com ele e — Don Corleone fez uma careta —
tenho carência de filhos. Tire-o do negócio de jogo e ponha-o com os sindicatos trabalhistas, onde
ele possa fazer algum trabalho burocrático e conversar um pouco. Ele é um bom papo.
Havia um longínquo tom de desprezo na voz de Don Corleone. Hagen acenou com a cabeça.
— Muito bem, Clemenza e eu vamos examinar todo o pessoal e reunir um grupo para fazer o
serviço de Las Vegas. Você quer que eu chame Freddie para passar alguns dias aqui em casa?
Don Corleone balançou a cabeça e respondeu cruelmente:
— Para quê? Minha mulher ainda pode cozinhar a nossa comida. Deixe que ele fique por lá.
Os três homens mexeram-se intranqüilamente em seus assentos. Não sabiam que Freddie
estivesse assim tão desprestigiado com o pai e desconfiaram que devia haver algo que eles
ignoravam.
Don Corleone deu um suspiro.
— Espero plantar alguns pimentões verdes e tomates na horta este ano, mais do que o que
podemos comer. Eu os presentearei a vocês. Quero um pouco de paz, um pouco de sossego e
tranqüilidade para a minha velhice. Bem, é só isso. Tomem outra bebida se vocês quiserem.
Era uma despedida. Os homens se levantaram. Hagen acompanhou Clemenza e Tessio até o
carro de cada um deles e combinou as reuniões para discutir os detalhes operacionais a fim de
cumprir os desejos externados pelo Don. Depois voltou para a casa onde sabia que Don Corleone