Page 288 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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Tessio esperava na cozinha da casa do velho Don, bebendo uma xícara de café, quando Tom
  Hagen veio procurá-lo.
    — Mike está à sua disposição agora — disse Hagen. — E melhor você telefonar para Barzini
  e dizer que ele pode começar a se dirigir para o encontro.
    Tessio levantou-se e foi até o telefone da parede. Discou o número do escritório de Barzini
  em Nova York e disse laconicamente:
    — Estamos a caminho do Brooklyn. — Desligou e sorriu para Hagen dizendo: — Espero que
  Mike possa arranjar um bom negócio para nós esta noite
    — Estou certo de que ele arranjará — respondeu Hagen com gravidade. Ele acompanhou
  Tessio para fora da cozinha e através da alameda. Foram caminhando até a casa de Michael. Na
  porta, foram detidos por uns dos guarda-costas.
    — O chefe diz que vai num carro separado. Mandou vocês dois irem andando.
    Tessio franziu as sobrancelhas, virou-se para Hagen e exclamou:
    — Diabo, ele não pode fazer isso; isso vai atrapalhar toda a minha combinação.
    Naquele momento, outros três guarda-costas o cercaram. Hagen disse cortesmente:
    — Eu tampouco posso ir com você, Tessio.
    O caporegime compreendeu tudo numa fração de segundo. E aceitou a situação. Houve um
  momento de fraqueza física, depois ele se recuperou e disse a Hagen:
    — Diga a Mike que isso era apenas negócio, sempre gostei dele.
    Hagen acenou com a cabeça.
    — Ele compreenderá.
    Tessio fez uma pausa rápida e depois perguntou suavemente:
    — Tom, você pode me tirar dessa situação? Em homenagem aos velhos tempos?
    Hagen balançou com a cabeça.
    — Não — respondeu.
    Tom  viu  os  guarda-costas  cercarem  Tessio  e  o  conduzirem  para  um  carro  que  estava
  esperando. Sentiu-se um pouco triste. Tessio fora o melhor soldado da Família Corleone; o velho
  Don  confiara  nele  mais  do  que  em  qualquer  outro  homem  com  exceção  de  Luca  Brasi.  Era
  lamentável que um homem tão inteligente cometesse tal erro fatal de julgamento tão tarde na
  vida.
    Carlo Rizzi, ainda esperando pela entrevista com Michael, ficou nervoso com todas aquelas
  chegadas e partidas. Obviamente algum grande acontecimento estava ocorrendo e parecia que
  ele ia ficar de fora. Impacientemente, chamou Michael ao telefone. Um dos guarda-costas da
  casa atendeu, foi buscar Michael e voltou com o recado de que Michael queria que ele ficasse de
  sobreaviso, que ele o chamaria dali a pouco.
    Carlo  telefonou  para  a  amante  novamente  e  disse-lhe  que  tinha  a  certeza  de  que  poderia
  levá-la para cear mais tarde e passar a noite com ela. Michael dissera que o mandaria chamar
  dali a pouco, o que quer que ele planejasse não podia levar mais que uma ou duas horas. Depois
  gastaria cerca de 40 minutos para chegar a Westbury. Isso poderia ser feito. Ele prometeu-lhe
  que faria isso e conversou-a maciamente, pedindo que ela não se zangasse. Quando desligou,
  resolveu vestir-se convenientemente para ganhar tempo depois. Tinha acabado de enfiar uma
  camisa limpa quando bateram na porta. Ele raciocinou rapidamente que Mike tentara falar com
  ele  pelo  telefone  e  encontrara  a  linha  ocupada,  assim  resolvera  simplesmente  mandar  um
  mensageiro chamá-lo. Carlo foi até a porta e abriu-a. Sentiu o corpo todo enfraquecer invadido
  por um terrível medo. Postado no vão da porta estava Michael Corleone, com a cara que parecia
  exatamente a daquela morte que Carlo Rizzi via freqüentemente em seus sonhos.
    Por  trás  de  Michael  Corleone  estavam  Hagen  e  Rocco  Lampone.  Eles  pareciam  solenes,
  como pessoas que tinham vindo com a maior relutância dar más notícias a um amigo. Os três
  homens entraram na casa e Carlo Rizzi levou-os para a sala de estar. Restabelecido do primeiro
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