Page 284 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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CAPÍTULO 31
NAQUELE MESMO DIA, duas limusines achavam-se estacionadas na alameda de Long
Beach. Um dos carros grandes esperava para levar Connie Corleone, sua mãe, seu marido e seus
dois filhos ao aeroporto. A família de Carlo Rizzi ia passar umas férias em Las Vegas, a fim de se
preparar para mudar-se definitivamente para aquela cidade. Michael dera a ordem a Carlo, sob
protestos de Connie. Michael não quis explicar que queria todo mundo fora da alameda antes do
encontro das Famílias Corleone e Barzini. Na verdade, o próprio encontro era um grande
segredo. As únicas pessoas que estavam informadas sobre ele eram os capos da Família.
A outra limusine era para Kay e seus filhos, que seriam levados para New Hampshire em
visita aos pais dela. Michael teria de ficar na alameda; tinha assuntos muito importantes para
resolver e não podia viajar.
Na noite anterior, Michael mandara avisar a Carlo Rizzi que precisava da sua presença na
alameda por alguns dias, que ele iria juntar-se à mulher e aos filhos depois, lá para o fim. Connie
ficou furiosa. Tentou falar com Michael pelo telefone, mas ele fora à cidade. Agora ela
percorria com os olhos toda a alameda em busca de Michael, mas ele estava fechado na sala
com Tom Hagen e não podia ser perturbado. Connie deu um beijo de despedida em Carlo
quando ele a pôs na limusine.
— Se você não aparecer lá dentro de dois dias, eu volto para apanhar você — ameaçou ela.
Ele sorriu malicioso, na linguagem muda de marido para mulher.
— Estarei lá — retrucou.
Ela meteu a cabeça para fora da janela e perguntou:
— Para que você acha que Michael lhe quer aqui?
Sua fisionomia preocupada fê-la parecer velha e feia.
Carlo deu de ombros.
— Ele vem-me prometendo um grande negócio. Talvez seja sobre isso que queira falar. De
qualquer maneira, foi o que ele deu a entender.
Carlo nada sabia a respeito da reunião marcada para aquela noite com a Família Barzini.
— É verdade, Carlo? — insistiu Connie ansiosamente.
Carlo acenou a cabeça de modo afirmativo. A limusine atravessou os portões da alameda e
foi embora.
Somente depois que a primeira limusine partiu foi que Michael apareceu para despedir-se de
Kay e de seus próprios filhos. Carlo também veio apresentar a Kay seus votos de boa viagem e
boas férias. Finalmente, a segunda limusine arrancou e atravessou o portão.
— Lamento ter sido obrigado a mantê-lo aqui, Carlo — disse Michael. — Será apenas por
uns dois dias.
— Não tem importância alguma — respondeu Carlo.
— Ótimo — tornou Michael. — Apenas fique perto do telefone que eu o chamarei quando
precisar de você. Tenho de obter mais algumas informações antes. Está bem?
— Certamente, Mike, certamente — concordou Carlo.
Em seguida, Carlo foi para a sua própria casa, deu um telefonema para a amante que ele
mantinha discretamente em Westbury, prometendo que tentaria visitá-la mais tarde, naquela
noite. Depois acomodou-se com uma garrafa de uísque do lado e esperou. Esperou um tempão.
Carros começaram a chegar e a atravessar o portão logo depois do meio.dia. Ele viu Clemenza
saltar de um, e um pouco mais tarde Tessio saiu de outro. Ambos foram introduzidos na casa de
Michael por um dos guarda-costas. Clemenza partiu algumas horas depois, mas Tessio não
reapareceu.
Carlo deu um passeio pela alameda, para tomar um pouco de ar fresco, que não durou mais
de dez minutos. Conhecia todos os guardas que davam serviço na alameda, era até quase amigo