Page 285 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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de alguns deles. Pensou que pudesse bater um papo para passar o tempo. Mas para sua surpresa,
nenhum dos guardas daquele dia era algum dos homens que ele conhecia. Todos eram estranhos
para ele. Mais surpreendente ainda era que o homem encarregado do portão era Rocco
Lampone, e Carlo sabia que Rocco ocupava uma posição muito alta na Família para exercer
uma tarefa tão servil, a não ser que algo extraordinário estivesse ocorrendo.
Rocco deu-lhe um sorriso amistoso e cumprimentou-o. Carlo estava desconfiado. Rocco
exclamou:
— Ué, pensei que você tivesse ido gozar férias com a sua família.
Carlo deu de ombros.
— Mike quis que eu ficasse aqui alguns dias. Ele tem alguma coisa para eu fazer.
— É verdade — retrucou Rocco Lampone. — Eu também. Então ele me pediu para ficar de
olho aqui no portão. Bem, que diabo, ele é o chefe.
O tom de sua voz insinuava que Michael não era um homem igual ao que tinha sido o pai,
falou um pouco depreciativamente.
Carlo fingiu não perceber aquele tom.
— Mike sabe o que está fazendo — disse ele.
Rocco aceitou a reprimenda em silêncio. Carlo se despediu e voltou para a sua casa. Alguma
coisa estava no ar, mas Rocco não sabia o que era.
Michael estava postado na janela de sua sala de estar e viu Carlo passear pela alameda.
Hagen trouxe-lhe uma bebida, um conhaque forte. Michael bebeu-a prazerosamente. Por trás
dele, Hagen disse, gentilmente:
— Mike, você precisa começar a se movimentar. Está na hora.
Michael deu um suspiro.
— Eu queria que não fosse tão cedo. Esperava que o velho tivesse durado um pouco mais.
— Nada sairá errado — afirmou Hagen. — Se eu não entendi, então ninguém entendeu.
Você armou a coisa muito bem.
Michael afastou-se da janela.
— O velho planejou uma boa parte dela. Nunca cheguei a compreender bem quão esperto
ele era. Acho que você sabe.
— Ninguém como ele — retrucou Hagen. — Mas isso está lindo. Isso é a melhor coisa que
já vi. Portanto, você não pode ser assim tão ruim.
— Vamos ver o que acontece — disse Michael. — Tessio e Clemenza estão na alameda?
Hagen acenou com a cabeça afirmativamente, Michael terminou de beber o seu conhaque.
— Mande Clemenza falar aqui comigo. Vou instruí-lo pessoalmente. Não quero ver Tessio.
Diga-lhe apenas que estarei pronto para ir com ele à reunião com Barzini dentro de meia hora. O
pessoal de Clemenza cuidará dele depois disso.
— Não há meio de se deixar Tessio escapar? — perguntou Hagen numa voz cautelosa.
— Não — respondeu Michael.
Enquanto isso, na cidade de Buffalo, uma pequena pizzaria numa rua lateral estava fazendo
um negócio movimentado. Quando passou a hora do almoço, o movimento caiu e o balconista
tirou da janela a bandeja redonda com os pedaços que haviam sobrado e pôs na prateleira do
enorme forno de tijolos. Em. seguida, deu uma espiada dentro do forno para ver como ia uma
pizza que estava assando ali. A mozzarela ainda não começara a fazer bolhas. Quando voltou
para o balcão que lhe permitia atender o pessoal da rua, encontrou ali de pé um rapaz mal-
encarado, que lhe falou:
— Me dê um pedaço de pizza.
O balconista pegou a sua pá de madeira e apanhou um dos pedaços frios da pizza para metê-
lo no forno a fim de esquentá-lo. O freguês, em vez de esperar lá fora, resolveu atravessar a
porta para ser atendido. A casa agora estava vazia. O balconista abriu o forno e tirou o pedaço de