Page 75 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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Sollozzo fez uma careta de desaprovação.
— Já falei com o Don. Ele não quer participar disso. Muito bem, posso fazer a coisa sem ele.
Mas preciso de alguém forte para proteger a operação fisicamente. Acho que você não está
contente com a sua Família, você deve mudar de vida.
Luca deu de ombros.
— Se a oferta for boa...
Sollozzo o estava observando atentamente e parecia ter chegado a uma decisão.
— Pense na minha oferta durante alguns dias e depois falaremos novamente — disse ele.
Sollozzo estendeu a mão, mas Luca fingiu não ver e começou a ocupar-se com a colocação
de um cigarro na boca. De trás do bar, Bruno Tattaglia fez um isqueiro aparecer magicamente e
segurou-o para acender o cigarro de Luca. E, de repente, fez uma coisa esquisita. Deixou cair o
isqueiro no bar e agarrou a mão direita de Luca, segurando-a com força.
Luca reagiu instantaneamente, seu corpo escorregando do banquinho do bar e procurando
contorcer-se para escapulir. Porém Sollozzo agarrara-lhe a outra mão pelo pulso. Contudo, Luca
era muito forte para eles e teria conseguido livrar-se, se outro homem não saísse das sombras por
trás dele e passasse um fino cordão de seda em volta de seu pescoço. O homem apertou o cordão
ao máximo, estrangulando-o. O rosto de Luca ficou roxo, a força de seus braços exauriu-se.
Tattaglia e Sollozzo seguravam-lhe as mãos facilmente, agora, e ali permaneciam curiosamente
como crianças, enquanto o homem por trás de Luca puxava o cordão, apertando-o cada vez
mais. De repente, o soalho se tornou úmido e escorregadio. O esfíncter de Luca, não mais sob
controle, rompeu-se, e os detritos do seu corpo jorraram. Não havia mais força nele e as pernas
se dobraram, o corpo vergou. Sollozzo e Tattaglia soltaram-lhe as mãos e somente o
estrangulador ficou ao lado da vítima, ajoelhando-se para acompanhar a queda do corpo de Luca
e puxando o cor dão com tanta força, que este cortava e entrava na carne do pescoço e
desaparecia. Os olhos de Luca saltaram-lhe da cabeça como que expressando a maior surpresa,
como o único vestígio de humanidade que lhe restava. Ele estava morto.
— Não quero que ele seja encontrado — declarou Sollozzo. — É importante que ele não seja
encontrado agora.
E girou em seus calcanhares, voltando a desaparecer nas sombras.