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O PROJETO DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
O terceiro e último bloco temático, “Arqueologia e a falar de identidade, no singular, mas de identidades, no
pesquisa na 7ª Etapa: ciência, patrimônio e preservação”, plural. Apontam que um determinado sujeito joga com
traz mais diretamente a discussão sobre a relação os elementos constituidores de sua inserção no mundo,
entre os conhecimentos construídos pela pesquisa criando diferentes identidades que se relacionam em
arqueológica e o(s) patrimônio(s) cultural(ais) que um campo de forças dinâmico. Assim, não estávamos, no
ajudam a dar sentido à(s) identidade(s) dos diferentes projeto, procurando trabalhar a ideia de que os vestígios
sujeitos partícipes do cotidiano escolar. Com ele, o arqueológicos completariam a identidade daqueles
objetivo era não só socializar os conhecimentos criados sujeitos, mas sim que esses vestígios poderiam trazer
ao longo da pesquisa arqueológica, mas discutir se e subsídios que viessem a dialogar com outros elementos
como esses conhecimentos contribuiriam para a forma de suas memórias.
como aqueles sujeitos se viam no mundo.
Um complicador para essa discussão, em seu início, foi
Hall (2007) e Bauman (2005), entre outros pesquisadores, o fato de que praticamente nenhum dos professores
mostram que na sociedade contemporânea não se pode ou alunos das três escolas parceiras morava no
Pelourinho. Depois das primeiras etapas das obras de
recuperação do Centro Histórico de Salvador, a área
central do Pelourinho passou a ser ocupada quase que
exclusivamente por estabelecimentos relacionados ao
turismo. Nesse processo, cresceu exponencialmente
o número de pousadas e de lojas. E diminuiu o uso
residencial das construções, pois o preço dos aluguéis
e dos imóveis aumentou muito. Os então residentes,
pouco a pouco, mudaram-se para outras áreas.
Outros quarteirões do Pelourinho, como os abrangidos
pela 7ª Etapa de Recuperação do Centro Histórico,
tiveram seu processo de arruinamento potencializado.
Com poucos moradores, esses quarteirões passaram a
ser perigosos, ficando conhecidos como a “Cracolândia”,
território ocupado por uma população flutuante,
Púcara em composta principalmente pelos “sacizeiros” .
7
cerâmica
vidrada.
7 O termo refere-se aos usuários de crack, que para se
drogarem utilizam-se de cachimbos. Nas escavações feitas
pela pesquisa arqueológica, encontrou-se uma grande
198 quantidade de cachimbos para fumar o crack, feitos de
diversos materiais e com vários formatos.
ArqueologiA no Pelourinho