Page 199 - ARqUEOlOGiA NO PElOURiNhO
P. 199
O PROJETO DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
XIII - um olhar socioarqueológico.
o patrimônio cultural e o sujeito histórico
Jeã Paulo Lima - Railson Cotias da Silva - Josane da Silva Oliveira - Luciano de Santana Santos
Ao pensarmos no patrimônio cultural, não devemos O patrimônio cultural é resultado do processo histórico,
apenas enxergar o monumento arquitetônico, de uma relação de pertencimento, memória, identidade
característico de um entendimento da História de um povo, parte de um todo cultural que perpassa
baseado nos grandes acontecimentos, mas, sobretudo, pelo patrimônio material e imaterial. A cidade de
a diversidade cultural e a identidade de um povo. Salvador, especificamente a área do Centro Histórico/
Assim, partimos do conceito de patrimônio cultural Pelourinho, com seu conjunto arquitetônico colonial, é
como o conjunto dos bens culturais, referentes às exemplo disso.
identidades coletivas. Devemos preservar os conjuntos
O Projeto de Pesquisa Arqueológica da 7ª Etapa
arquitetônicos das cidades históricas, os acervos
de Recuperação do Centro Histórico de Salvador
arqueológicos, mas centrar o interesse no homem e
(Monumenta/Iphan) ou Projeto Pelourinho, teve como
em sua existência, considerando todos os atores sociais.
objetivo principal estudar a área em questão buscando
Valorizamos, portanto, os aspectos nos quais se identifica
compreender como se deu a sua formação, através do
a cultura de um povo: as línguas, as relações sociais, ritos,
aporte teórico da Arqueologia pós-processualista, que
signos de valores, crenças e comportamentos coletivos.
postula acerca da cultura material:
os objetos não seriam apenas resultado da
adaptação, mas sim elementos com múltiplos
significados utilizados pelos indivíduos de uma
sociedade para simbolizar suas relações. nessa
perspectiva, não importa que existam dezenas,
centenas de objetos; aqui não é a quantidade que
vale, mas a qualidade. Da mesma maneira, para os
pós-processualistas não é a sociedade que está em
jogo, mas as ações de cada indivíduo para interagir
Garrafas nessa sociedade, aceitando ou resistindo às suas
encontradas regras sociais (najjar, 2005, p. 15-16).
na casa 10, rua
3 de Maio. Nesse sentido, de acordo com um conceito de
patrimônio cultural mais diverso e abrangente, é que
200 passaremos a discorrer sobre a relação entre este e o
sujeito histórico.
ArqueologiA no Pelourinho