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Sem a presença do Estado, que proporcionava
investimentos, e com habitantes impossibilitados
financeiramente de manter bem preservado o acervo
patrimonial, o Centro Histórico entrou em processo de
degradação. Era como se a cidade passasse a renegar a
manutenção de sua herança. Com o tempo, instalou-se
um processo de desgaste que terminou por arruinar, por
vezes em sua totalidade, a estrutura física dos sobrados,
dos solares e dos monumentos. Para garantir a própria
sobrevivência, os proprietários passaram a sublocar os
imóveis. Mas a renda não era suficiente para financiar O PROJETO DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
obras de conservação.
Por falta de investimentos estatais em saneamento e
educação, que lhe poderia garantir emprego e inserção
social, a comunidade esquecida do Pelourinho se voltou
para a prostituição, para o tráfico de drogas e para outras
atividades ilegais.
Mesmo com as iniciativas, a partir de 1938, do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
– Iphan, que tombou vários monumentos no Centro
Histórico de Salvador, a situação social e a do conjunto
arquitetônico não teve mudanças significativas. Ao
contrário: empresários, que em algum momento
pensaram em recuperar os casarões, deslocaram seus
investimentos para outras localidades. Recearam
possíveis interdições legais por parte do órgão
responsável pelo patrimônio cultural.
Uma vez conhecido esse processo histórico-social,
chega-se à conclusão de que existiu um conflito entre Família habitante do
Centro Histórico na
a comunidade do Pelourinho e o poder estatal, que década de 1940.
deveria ter sido resolvido por meio de políticas sociais
inclusivas. Ou seja, ações do poder público no sentido 203
de valorizar e preservar o patrimônio cultural e manter
Programa monumenta – IPhan