Page 31 - LICENCIAMENTO E COMPENSAÇÃO AMBIENTAL NA LEI DO SISTEMA NACIONAL DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (SNUC)
P. 31

14  Licenciamento e Compensação Ambiental na Lei do SNUC  • Bechara


                         “Enquanto a lei da entropia aponta para os limites materiais e energéti-
                         cos, o capital aponta para uma necessidade inerente de expansão infinita.
                         Enquanto a entropia aponta para uma questão qualitativa, o desenvolvi-
                         mento do capitalismo é orientado e sancionado pelas regras quantitativas

                         do mercado. Enquanto a vida se afirma frente à entropia buscando equi-
                         líbrios qualitativos, a lógica do capital se manifesta pela busca constante
                         da ruptura dos equilíbrios qualitativos, orientada pela busca da expansão
                         quantitativa do capital.
                         [...]
                         O capitalismo marcou a inversão dos meios econômicos em fins, apoiado
                         na produção pela produção, na criação incessante de necessidades visando
                         a acumulação. Caracteriza-se por estar centrado na racionalidade econô-
                         mica, em detrimento de outras racionalidades.” 8

                       Nessa linha, o Clube de Roma  produziu, em 1972, um relatório intitulado
                                                    9
                   Limites do crescimento (e conhecido como Relatório Meadows), mostrando uma vi-
                   são pessimista sobre o futuro da humanidade e prevendo um colapso do sistema
                   dentro de aproximadamente 100 anos caso os métodos de produção e consumo
                   não fossem alterados. 10
                       O alarme fora soado e o conflito entre desenvolvimento e meio ambiente não
                   podia mais ser escondido.
                       Ignacy Sachs, grande estudioso deste conflito, nos dá conta de que, no início
                   dos anos 70, duas correntes diametralmente opostas se confrontavam, a dos de-
                   fensores do crescimento e a dos catastrofistas – estes últimos bastante influencia-
                   dos pelos prognósticos “assustadores” do Relatório do Clube de Roma. São suas
                   palavras:

                         “Os defensores do crescimento a qualquer preço percebiam o meio am-
                         biente como sendo um mero capricho de burgueses ociosos, ou então como
                         mais um obstáculo colocado ao avanço dos países do hemisfério Sul em
                         processo de industrialização. Segundo eles, haveria tempo de sobra para
                         nos ocuparmos do meio ambiente, a partir do momento em que os países
                         periféricos atingissem os níveis de renda per capita dos países do Centro. A
                         esquerda e a direita compraziam-se, além disso, em cultivar um otimismo
                         epistemológico a toda prova, baseado no pressuposto de que a humanida-

                   8   Capitalismo e entropia: os aspectos ideológicos de uma contradição e a busca de alternativas
                   sustentáveis, p. 117.
                   9   Organização internacional composta por cientistas, economistas, líderes políticos, educadores,
                   dentre outros, de várias nacionalidades, com a finalidade de investigar as causas que afligem a
                   humanidade, dentre elas, a deterioração do meio ambiente.
                   10   BRUSEKE, Franz Josef. O problema do desenvolvimento sustentável, p. 30.






                                                                                              25/9/2009   10:25:18
            Livro 1.indb   14
            Livro 1.indb   14                                                                 25/9/2009   10:25:18
   26   27   28   29   30   31   32   33   34   35   36