Page 26 - LICENCIAMENTO E COMPENSAÇÃO AMBIENTAL NA LEI DO SISTEMA NACIONAL DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (SNUC)
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Direito ao Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado  9


                        Sem desmerecer, porém, o aparato legal construído pelos países nas declara-
                    ções e tratados internacionais e em suas leis internas, fato é que a conservação
                    da qualidade ambiental depende, também, de uma mudança do modo de ser,
                                                                               14
                    pensar, trabalhar, produzir, consumir e viver da Humanidade,  ou seja, de uma
                    nova postura, de uma nova ética ambiental, como esclarece José Renato Nalini,
                    em já conhecida obra sobre o tema:

                          “Formar uma consciência ambiental ética, contudo, mostra-se como única
                          alternativa para viabilizar a vida num planeta sujeito a tantas degradações.
                          Uma ética ambiental que inverta a pretensiosa concepção de que a nature-
                          za é apenas meio e os objetivos do homem o único fim. Mostra-se urgente
                          a revitalização de valores éticos quais a bondade e a solidariedade, com
                          incidência também sobre a natureza.” 15

                        E complementa sua lição dizendo ser necessário inverter-se a equação de êxito:

                          “Uma ideia de felicidade fundada na posse de bens materiais e na exalta-
                          ção do próprio eu é a felicidade narcisista. Os outros aparecem numa consi-
                          deração secundária e instrumental, possuindo valor enquanto sirvam para
                          o desenvolvimento de minha própria felicidade e bem-estar. Nessa visão
                          nova, os outros são parceiros tripulantes do planeta Terra. O ambiente é o
                          bem comum a todos, não existindo apenas para me satisfazer. Ele substi-
                          tuirá a razão narcisística pela razão ética.” 16, 17

                    ‘Porque as pessoas não querem que a gente use carvão, as pessoas não querem que a gente faça
                    termelétrica, não querem usina nuclear e não têm dimensão do preço da eólica, do custo da terme-
                    létrica a óleo diesel.’
                        Lula foi além: ‘Eu estou me dedicando, em novembro e dezembro, a ver se eu pego todos os
                    entraves que eu tenho com o meio ambiente, todos os entraves com o Ministério Público, todos
                    os entraves com a questão dos quilombolas, com a questão dos índios brasileiros, todos os entraves
                    que a gente tem no Tribunal de Contas” (g.n) (Disponível em: <http://www.ambientebrasil.com.
                    br/noticias/index.php3?action=ler&id=27978>. Acesso em: 28 mar. 2007).
                    14   SAMPAIO, Francisco José Marques. Evolução da responsabilidade civil e reparação de danos am-
                    bientais, p. 12.
                    15   Ética ambiental, p. XXV.
                    16   Ibidem, mesma página.
                    17   Talvez já possamos ficar otimistas com a mudança de mentalidade e da compreensão do brasi-
                    leiro sobre a importância do meio ambiente em sua vida. A ONG WWF-Brasil encomendou uma pes-
                    quisa ao Ibope para medir o grau de conhecimento da população sobre recursos hídricos, cujos re-
                    sultados foram divulgados em dezembro de 2006. A pesquisa foi feita com 1.001 entrevistados em
                    217 Municípios brasileiros. Uma de suas conclusões foi que 80% (oitenta por cento) dos brasileiros
                    não estão dispostos a conviver com uma maior degradação ambiental em prol do desenvolvimento
                    econômico, mesmo que isso represente mais emprego e renda. A maior parte das pessoas (64%)
                    afirmou ser possível conciliar desenvolvimento com proteção dos recursos naturais. Apenas 10%
                    disseram acreditar que é impossível crescer sem degradar. Além disso, ficou consignado, conforme
                    mencionado pelo superintendente de Conservação de Programas Temáticos da WWF-Brasil, Carlos






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