Page 27 - LICENCIAMENTO E COMPENSAÇÃO AMBIENTAL NA LEI DO SISTEMA NACIONAL DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (SNUC)
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10  Licenciamento e Compensação Ambiental na Lei do SNUC  • Bechara


                       Nessa nova ética, o consumidor ganha um papel extremamente relevante
                   pois, se assimilar e praticar a ideia de diminuição do consumo,  especialmente
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                   das futilidades – o que, sabemos, não será nada fácil pois o capitalismo, para
                   sobreviver, está a todo tempo criando novas “necessidades”  –, teremos, na outra
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                   ponta, a diminuição da demanda – uma das maiores responsáveis pela voracidade
                   do crescimento desordenado, ambicioso e despreocupado com o meio ambiente.
                       De qualquer forma, ambos – dever legal e ética ambiental – devem caminhar
                   juntos sob a crença de que, por um caminho ou pelo outro, as pessoas, físicas e
                   jurídicas, públicas e privadas, adotarão condutas que impeçam a degradação do
                   ambiente e o esgotamento dos recursos naturais, dessa forma resguardando a
                   qualidade de vida, a saúde e bem-estar físico e psíquico da coletividade.




















                   Alberto Scaramuzza, que “a população brasileira vê a questão ambiental como um ativo para o de-
                   senvolvimento econômico e não como um obstáculo. De todos os fatores listados como possíveis en-
                   traves ao desenvolvimento, a questão ambiental aparece em último lugar com apenas 7% [...].
                   A corrupção ficou em primeiro lugar com 62% das respostas, seguida pela carga tributária, com
                   44%, e burocracia, 22% (g.n) (Disponível em: <http://arruda.rits.org.br/notitia1/servlet/news-
                   torm.notitia.apresentacao.ServletDeSecao?codigoDaSecao=4&dataDoJornal=1168018772000>.
                   Acesso em: 7 jan. 2007).
                   18   Clóvis Cavalcanti também fala de uma nova ética para a sociedade de consumo, “que refreie a
                   sede do homem pela acumulação de riqueza material”, e critica a poderosa convenção da socieda-
                   de moderna que multiplica as necessidades por meio de uma manipulação artificial e dissemina o
                   consumo como medida de um padrão de vida mais alto – o que chama de ética da concupiscência.
                   (Sustentabilidade da economia: paradigmas alternativos de realização econômica, p. 168).
                   19   A crítica de Andri Werner Stahel ao capitalismo segue nessa direção: “Longe de buscar a satisfa-
                   ção das necessidades, o capitalismo se sustenta justamente pela busca constante de criar e suscitar
                   novas necessidades, única forma pela qual o excedente gerado na produção pode realizar-se no
                   mercado. A produção crescente exige um consumo crescente, ou seja: necessidades continuamente
                   insatisfeitas.” (Capitalismo e entropia: os aspectos ideológicos de uma contradição e a busca de
                   alternativas sustentáveis, p. 122). Segue nessa mesma linha a observação de Enrique Leff: “A cana-
                   lização de importantes recursos econômicos para promover o consumo (para a venda de mercado-
                   rias) gera uma produção ideológica de necessidades, desencadeando um desejo insaciável e uma
                   demanda inesgotável de mercadorias. Isto provoca efeitos opostos de satisfação/insatisfação, de
                   identificações subjetivas e marginalizações culturais com os padrões predominantes de consumo”
                   (Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder, p. 321).






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