Page 20 - ASAS PARA O BRASIL
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O que é chocante é que eu não aproveitei essa chance de ter sucesso na
                  escola quando tive a oportunidade.

                  Quantas pessoas na terra não têm acesso à educação? Que bagunça! E que
                  infelicidade para minha mãe!


                  Não muito tempo depois que eu fui enviado para Londres

                  Como tantos compatriotas, eu me tornei em Londres, em 1956, um dos
                  pilares do “Enfants Terribles”, uma boate do animado bairro de Soho e que

                  ainda existe hoje.

                   Toda essa desordem na minha vida deixava a minha mãe desesperada e ela
                  acabou  conseguindo  descolar  um  emprego  de  aprendiz  vendedor  na
                  agência da Air France em Londres e depois em Paris na agência na parte de
                  cima das Champs Elysées e que hoje não existe mais.


                  Tendo-me tornado o agente número 324, eu descobria num subsolo escuro
                  a imensidão dos arquivos e das pirâmides de caixas empilhadas.

                  Minha função era a de organizar os canhotos rosas das passagens de avião
                  numas  caixas  de  madeira,  fazer  cálculos  e  prever  os  estoques;  viagens
                  imaginárias para um trabalho totalmente sem interesse e maçante.


                  Nessas catacumbas de papel, eu fiz outra descoberta: o sindicalismo e as
                  pressões feitas para que eu me afiliasse a um partido político.

                   Como muitos de meus “colegas” e também os diretores, éramos ameaçados
                  de retaliações se recusássemos.


                  Os sindicatos na França não representam os  assalariados, eles  são uma
                  fábrica  de  manifestantes,  eles  arruinaram  o  nosso  país  por  não  saber
                  negociar, ao contrário de nossos países vizinhos.

                         Visto de fora, quando você assiste notícias sobre a França, você vê a
                  maioria das vezes manifestações de rua.


                   Afinal, não revolucionamos o mundo inteiro?

                  A Air France não era para mim um passaporte para o futuro, mas no meu
                  caso, a escolha de carreira no setor do turismo foi providencial já que não
                  tinha nenhuma bagagem intelectual e universitária.


                  Além do mais, eu não encontrei nossas elites surgidas da Escola Politécnica
                  ou da ENA (Escola Nacional de Administração) no meu setor profissional.
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