Page 18 - ASAS PARA O BRASIL
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Meu irmão e eu éramos inevitavelmente despachados em colônia de férias
                  ou  nos  acampamentos  de  escoteiros  para  passar  todas  as  nossas  férias
                  escolares.

                  Nos escoteiros, de vez em quando, ajudávamos os pobres e idosos; foi o

                  meu  primeiro  contato  com  a  miséria;  o  crepúsculo  dos  idosos,  destas
                  pessoas que são abandonadas na falta de respeito e na solidão.

                  Pedíamos esmola na saída das igrejas e distribuíamos jornais da paróquia;
                  eram essas nossas boas ações (B.A.).


                  Foram as primeiras descobertas e experiências da vida em comum e dos
                  esforços  compartilhados,  como  as  caminhadas  tanto  de  dia  quanto  de
                  noite, assim como o frio, montar as tendas, o saco de dormir, e as brigas
                  frequentes com “garuches 2 ”; afinal a guerra não estava tão distante.

                  Nós comíamos grandes rações de “corner beef” durante os acampamentos

                  de escoteiros e que antes haviam alimentado os GI’S.

                  Eu não sei se essas duas palavras ligadas à sobrevida foram as que levaram
                  a  minha  família  a  me  mandar  estudar  a  indispensável  língua  inglesa,
                  inscrita nas etapas inevitáveis de nossa geração. O seu conhecimento me
                  ajudaria mais tarde nas minhas viagens e na minha vida profissional.


                  Foi aí que passei um verão em Nottingham, onde aprendi a dançar o “fox-
                  trot e o quick step”, e o verão seguinte, em Bournemouth, onde a família
                  inglesa que me hospedou, acusou-me de ter riscado de propósito a banheira
                  com uma chave de fenda; surpreendente fair-play inglês.

                  Aah! As pequenas inglesas, ainda bem que teve um filme sobre o tema; para
                  a minha geração; bem que elas mereciam.


                      É  o  cúmulo  pensar  que  com  a  nossa  reputação  de  “French  Lover”,
                  tivemos que aprender delas que a antiga palavra francesa “fleureté” (dizer
                  galanteios) tinha se transformado em “flirt” (paquera).

                  É lá que nossas virgindades fugiam com rápido bater de asas.


                  Meu primeiro beijo foi uma linda aluna loira em uma sala de cinema, onde
                  de  pé,  no  final  da  sessão,  ouviu  o  Deus  Salvar  o  Rainha  “God  Save  the
                  Queen”. O fim da inocência!

                  Em 1955, minha mãe decidiu tentar, mais uma vez, resolver o problema da
                  minha  educação,  depois  de  minhas  muitas  estadas  deploráveis  em
                  internatos e outras escolas.
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