Page 49 - ASAS PARA O BRASIL
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da cidade. Ele deu seu passaporte (anterior ao da U.E) e quando ia pegar o
                  elevador, o zelador perguntou: “mas você é mesmo um amigo do diretor da
                  Daro Viagens”? Surpreso, ele respondeu que sim, e ele tomou de volta a
                  chave para conduzi-lo à suíte da qual se soube mais tarde que era o quarto
                  reservado para Mussolini. Decorada num impressionante estilo “Art Déco”

                  fascista, com uma sacada bem grande com vista para os jardins, propícios
                  para reunir as multidões.

                  Deve-se dizer que ele havia se beneficiado dos favores do hotel onde eu
                  havia organizado algum tempo antes, uma operação importante; eu tinha
                  preparado sua estadia da melhor maneira possível.


                  Na verdade, depois de muitos anos, eu tinha subido de escalão e eu tinha
                  sido nomeado diretor da Agência da sede da rede.

                   Eu nunca prestei muita atenção ao valor dos cartões de negócio ou títulos
                  de som.


                  Minha reputação no grupo era a de um duro trabalhador rigoroso, mas nem
                  sempre fácil.

                  Um dia, voltando de uma organização importante no México, ao sair de
                  Roissy  (aeroporto),  eu  ouvi  alguém  me  chamando  pelo  nome.  Era  o
                  ministro  de  Comércio  Exterior,  que  não  tinha  visto  há  tempos  e  que

                  conhecia de antes dele se tornar ministro.

                  Ele me perguntou: “o que você faz aqui?”

                  Minha resposta ou deixou boquiaberto: “Eu organizo toda a viagem.”


                  Mais tarde, ele veio gentilmente se sentar do meu lado no Concorde para
                  pedir uma dica: “Você poderia me soprar algumas palavras de acolhimento
                  em espanhol caso eu tenha que fazer um discurso na passarela do avião
                  depois da aterrissagem”.

                         Isso  não  se  produziu,  a  passarela  do  aeroporto  de  México  era
                  telescópica.


                  Eu o conheci na casa da minha mãe na região de Anjou. Ele tentou então
                  me convencer que a França tinha que abandonar a energia nuclear. Era um
                  ministro que tinha a reputação de conhecer bem a sua pasta.

                  De volta à Paris, o jornal “Le Figaro” tinha publicado fotos onde eu aparecia
                  ao  lado  do  ministro,  o  que  me  valeu  muitas  críticas  e  acusações  de  ter

                  trocado de lado.
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