Page 50 - ASAS PARA O BRASIL
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Eu confiava ao Bernard as viagens de acompanhamentos mais complexas.
                  O Bernard tinha exercido várias profissões e gostava de dizer que ele tinha
                  seguido os seus estudos, mas que nunca os havia alcançado.

                   Ele falava seis idiomas, entendia uns dez (entre eles uma língua morta).


                   Durante seus acompanhamentos, com toda essa bagagem linguística, ele
                  era uma ajuda valiosa para nossos interlocutores profissionais, ministros e
                  outros clientes da nossa agência.


                   Ele era capaz de se expressar em até três idiomas simultaneamente.

                  Suas aventuras preencheriam facilmente um volume,  mas ele não  gosta
                  muito de anedotas...

                  Imagine que você esteja no México, no solo com centenas de pessoas, por
                  causa de uma greve surpresa do transporte aéreo e que o diretor do seu

                  hotel anuncia que seus clientes vão ter que devolver seus quartos para cedê-
                  los aos clientes recém-chegados.

                  Aqui está a anedota do hotel do México e da greve dos ônibus:


                  O tom subiu rapidamente no hotel e o Bernard não foi nada cordial a ponto
                  de o diretor do hotel gritar:

                  - Você quer resolver o problema lá fora?

                  -  Senhor,  respondeu  Bernard,  no  meu  país  não  se  briga  na  rua  como
                  ladrões,  ainda  sabemos  resolver  nossas  pendências  como  pessoas

                  civilizadas.

                  -  Ah  é,  respondeu  outra  pessoa  que  testemunhou  a  cena;  um  senhor
                  baixinho, gordinho, muito elegante cujos óculos dourados escorregavam
                  perigosamente na ponta do nariz. Então, como é que você faz?


                         E o Bernard com muita verve na sua magnífica resposta: Senhor no
                  nosso país, o ultraje se resolve através de um duelo.

                  Nosso  impertinente  diretor,  cada  vez  mais  nervoso,  falou  com  uma  voz
                  aguda: Em duelo? Mas com quê?

                  Naquele momento, um cliente, médico italiano que acompanhava a cena

                  desde o começo com certo prazer, no escritório que tinha vista no pátio
                  interno  do  hotel,  pegou  um  pacote  de  jornais  que  segurava  debaixo  do
                  braço  e  enquanto  desempacotava,  respondeu  de  maneira  dramática,
                  intrometendo-se no pugilato verbal: com uma espada é claro!
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