Page 81 - ASAS PARA O BRASIL
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Várias empresas, cujos responsáveis pelas exportações dominavam
mal o inglês, consideravam sem o menor constrangimento, que dentro das
nossas atribuições, tínhamos que os assistir nas tomadas de contato, e até
participar das negociações com os seus prospectores nos países visitados,
o que fazíamos com prazer quando tínhamos tempo.
Em várias outras viagens, tive contendas desagradáveis com a polícia local
para defender pessoas que se encontravam em má situação.
Nesses congressos, éramos o primeiro socorro, tínhamos que ser capazes
de desencadear, o mais rápido possível, um serviço médico ou uma
ambulância.
Em minhas numerosas viagens, às vezes com mais de um ano de
antecedência para organizar um congresso importante em um determinado
país, eu informava nossos consulados ou embaixadas que uma comitiva
francesa numerosa iria participar.
Eu era raramente bem recebido e a cooperação era mínima.
Em contrapartida, esses funcionários estavam muito felizes de serem
convidados às sessões importantes e borboletear nos coquetéis.
Eu lamentei no final da minha carreira, que houvesse uma diminuição dos
franceses ocupando cargos importantes nas instâncias internacionais.
CAPÍTULO X
Voltando a mim
Pela segunda vez na minha vida, eu estava desempregado. A natureza não
criou nada eternamente imutável.
Minha vida profissional tinha sido trepidante; a concorrência era difícil e
árdua. Eu raramente passava o fim de semana em casa e sim nos quatro
cantos do planeta.
As trinta e cinco horas não existiam ainda; para mim, eram quarenta e
cinco horas! E agora, lidava com outro tipo de personagem: o
desconhecido.
Minha falta de ação súbita e pouco habitual era pesada e mórbida.
Uma manhã, sentado sozinho no sofá, eu vislumbrava um futuro negro,
não tinha preparado a minha aposentadoria e sofria por causa da minha
demissão injusta após quarenta anos de serviço.