Page 84 - ASAS PARA O BRASIL
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Esse casamento foi um erro de velhice ou de juventude, um fracasso
lúcido. Porém, o verdadeiro amor significa “dar o que não se tem” segundo
Jacques Lacan. O amor está além de qualquer objeto material.
Devido ao fato dela não gostar do sobrenome dela e que ela tinha sofrido
muito com ele, ela quis ficar com o nome de casada, o que me custou muito
aceitar.
Mas a aventura, mais uma vez, começava a brotar. Ela foi insólita,
movimentada, bela e às vezes até perigosa. Ela ainda dura até hoje.
CAPÍTULO XI
França – Brasil
Eu sempre gostei do Brasil, provavelmente devido aos anos que passei
durante a minha infância e é o lugar onde vivo atualmente.
Um amigo, Michel, me vendeu quatro hectares de terra no Nordeste.
Eu era consciente dos ingredientes desta mudança radical, desta nova
etapa; sol, mulheres exóticas, vilões que ficam ao seu redor, amizades
falsas, bandidos verdadeiros, uma boa camada de corrupção local e
importada e, por último a cachaça, muito alcoolizada para o meu gosto.
E música, é claro, a de Hector Villa-Lobos e momentos de “Saudade” de
Tom Jobim.
Há de se dizer que eu não tinha escolhido a simplicidade e a retidão.
Com muita coragem, eu fui ao Brasil para reconhecer o meu terreno e ir ao
cartório me perguntando se não estava cometendo mais um erro fútil.
Essa propriedade se encontrava a 70 km de Fortaleza. Eu descobri que esse
terreno estava em “indivisão” e fazia parte de uma fazenda abandonada, de
uns 12 hectares, inabitada e sem cultivo. “indivisão” =A propriedade conjunta é a situação legal em que duas ou
mais pessoas possuem todos a mesma propriedade.
Essa fazenda tinha três proprietários para a minha grande surpresa: uma
franco-portuguesa chamada Zilda, um amigo de Paris, André que eu
conhecia há mais de trinta anos e que teve origem na compra da parcela do
meu terreno, e eu.
Situado a 3 km da bela praia de Caponga, havíamos projetado de fazer
desse lugar um centro equino e turístico.