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Capítulo 7
IDENTIFICAçãO DO CORTE DE REDE: AS MUDANçAS EM
TORNO DA ALIMENTAçãO NA VILA
Figura 1: Peixes mortos nas margens do Rio Doce em Governador Vala-
dares (MG).
Fonte: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/11/26/ibama-registra-
9-toneladas-de-peixes-mortos-nas-margens-do-rio-doce.htm (último acesso em 14/08/2017).
O primeiro destaque se dá em relação ao rompimento e ao período em
que vários animais foram encontrados mortos em diversos pontos ao lon-
go da bacia hidrográfica do rio Doce. Com a mortandade dos animais,
passou-se a discutir a respeito da qualidade do pescado, o que gerou uma
crise nas peixarias e na distribuição da mercadoria – algo observado no
relatório organizado pelo grupo de pesquisa e extensão Organon (2015),
referente ao ano da ruptura da barragem. Essa discussão sobre a quali-
dade do peixe se estende até os dias atuais, com alguns elementos que
observamos enquanto potencializadores para a dinâmica de incertezas, e
que trabalharemos a partir da discussão de Renzo Taddei (2014a) acerca
das secas enquanto desastre, para o qual os desastres são processos, que,
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dentre outros desdobramentos, também geram incertezas. No presente
3 “Como todo desastre, as secas não são “coisas”, mas sim processos. Diferentemente das
demais categorias de desastre, por sua vez, as secas se caracterizam por ausências, e não pela
presença inconveniente de algo fora do lugar (como são tornados, furacões e inundações, por
exemplo). É essa dimensão de ausência que afeta todas as coisas e relações do contexto em
que ocorre e que faz da seca, mais do que algo, um campo de possibilidades, e, portanto, um
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