Page 49 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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É só assistir à ESPN, pensou Langdon, que sempre achava graça ao ver atletas profissionais
apontando para o céu para agradecer a Deus depois de um touchdown ou de um home run.
Perguntava-se quantos deles sabiam que estavam dando continuidade a uma tradição mística pré-cristã
de reconhecer o poder superior que, por um breve instante, os havia transformado em um deus capaz
de realizar feitos milagrosos.
— Não sei se adianta alguma coisa — disse Langdon —, mas a mão de Peter não é a primeira
desse tipo a aparecer na Rotunda.
Sato olhou para o professor como se ele estivesse louco.
— Como é que é?
Langdon gesticulou na direção do BlackBerry dela.
— Procure no Google “George Washington Zeus”
A diretora fez cara de desconfiada, mas começou a digitar as palavras. Anderson se aproximou
dela devagar, olhando por cima de seu ombro com interesse.
Langdon disse:
— Antigamente, esta Rotunda era dominada por uma gigantesca escultura de George
Washington nu da cintura para cima... retratado como um deus. Ele estava sentado exatamente na
mesma posição que Zeus no Panteão, com o peito à mostra, segurando uma espada na mão esquerda
enquanto a direita se erguia com o polegar e o indicador esticados.
Sato, pelo jeito, havia encontrado uma imagem da escultura na internet, porque Anderson
encarava o BlackBerry com uma expressão chocada.
— Esperem aí, esse é George Washington?
— É — respondeu Langdon. — Retratado como Zeus.
— Olhem para a mão direita dele — disse Anderson, ainda espiando por cima do ombro de Sato.
— Está exatamente na mesma posição que a do Sr. Solomon.
Como eu disse, pensou Langdon, a mão de Peter não é a primeira a aparecer nesta sala.
Quando a estátua de Horatio Greenough representando George Washington nu foi exibida pela primeira
vez na Rotunda, muitos brincaram dizendo que Washington devia estar levantando a mão numa
tentativa desesperada de encontrar alguma coisa para vestir. Porém, à medida que os ideais religiosos
norte-americanos mudavam, essa crítica jocosa se transformou em polêmica, e a estátua foi removida e
banida para um barracão no jardim leste. Atualmente, estava no Museu Nacional de História Norte-
Americana do Instituto Smithsonian. Quem a via ali não tinha o menor motivo para desconfiar que se
tratava de um dos últimos vestígios de uma época em que o pai da nação havia protegido o Capitólio
como um deus... assim como Zeus protegia o Panteão.
Sato começou a digitar um número no BlackBerry, aparentemente julgando aquele momento
oportuno para entrar em contato com sua equipe.
— O que vocês descobriram? — Ela escutou pacientemente. — Entendi... — Olhou para
Langdon, depois para a mão de Peter. — Tem certeza? — Ficou em silêncio por mais um instante. —
Tudo bem, obrigada. — Sato desligou e tornou a se virar para Langdon. — Minha equipe de apoio fez
algumas pesquisas e confirmou a existência da sua suposta Mão dos Mistérios, corroborando tudo o
que o senhor disse: cinco marcas nas pontas dos dedos, a estrela, o sol, a chave, a coroa e a
lamparina, bem como o fato de essa mão representar um antigo convite para receber um saber secreto.
— Fico feliz — comentou Langdon.
— Não fique — retrucou ela com rispidez. — Parece que agora estamos em um beco sem saída
até o senhor compartilhar comigo o que quer que ainda não tenha me contado.
— Como assim?
Sato deu um passo em sua direção.
— Nós voltamos à estaca zero, professor. O senhor não me disse nada que a minha própria
equipe não pudesse ter me informado. Então vou lhe perguntar mais uma vez. Por que o senhor foi
trazido até aqui hoje? O que o torna tão especial? O que é que só o senhor sabe?
— Nós já falamos sobre isso — devolveu Langdon. — Nem imagino por que esse cara acha que
eu sei alguma coisa!
Langdon se sentia inclinado a perguntar como diabos Sato sabia que ele estava no Capitólio
naquela noite, mas eles também já tinham falado sobre isso. Sato não vai dizer nada.
— Se eu soubesse qual é o próximo passo — falou ele —, diria à senhora. Mas não sei.
Tradicionalmente, a Mão dos Mistérios é oferecida por um professor a um aluno. Então, pouco depois, a
mão é seguida por uma série de instruções... explicações de como chegar a um templo, o nome do
mestre encarregado do ensinamento... alguma coisa! Mas tudo o que esse cara nos deixou foram cinco
tatuagens! Não chega a... — Langdon se interrompeu no meio da frase.
Sato o encarou.