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irmão, mas ele provavelmente se esqueceu de ligar o celular. — Katherine recentemente lhe dera um
          iPhone novo de presente, e ele ainda não havia se dado o trabalho de aprender a usá-lo.
                 —  O  senhor  disse que é  médico  do meu  irmão?  —  perguntou  ela.  Será  que  Peter  está  com
          alguma doença e está escondendo isso de mim?
                 Houve uma pausa carregada na linha.
                 — Eu sinto muitíssimo, mas obviamente acabei de cometer um erro profissional bastante grave
          ao lhe telefonar. Seu irmão me disse que a senhora sabia das visitas que ele fazia ao meu consultório,
          mas agora estou vendo que não.
                 Meu irmão mentiu para o próprio médico? Katherine estava ficando cada vez mais preocupada.
                 — Ele está doente?
                 — Sinto muito, Sra. Solomon, o sigilo médico-paciente me impede de conversar sobre a saúde
          do seu irmão, e eu já revelei demais dizendo que ele é meu paciente. Vou desligar agora, mas, se a
          senhora tiver notícias dele, por favor, peça que me ligue para eu saber se está tudo bem.
                 — Espere! — disse Katherine. — Por favor, me diga o que Peter tem.
                 O Dr. Abaddon respirou fundo, parecendo contrariado com o próprio erro.
                 — Sra. Solomon, estou vendo que a senhora está abalada e não posso culpá-la Tenho certeza
          de que seu irmão está bem. Ele esteve no meu consultório ontem mesmo.
                 — Ontem? E tem outra consulta hoje? Parece urgente.
                 O homem deu um suspiro.
                 — Sugiro darmos um pouco mais de tempo a ele antes de...
                 — Vou passar no seu consultório agora mesmo — disse Katherine, rumando para a porta. —
          Onde o senhor atende?
                 Silêncio.
                 — Dr. Christopher Abaddon? — indagou Katherine. — Eu mesma posso procurar seu endereço
          ou o senhor pode simplesmente me dar. De toda forma, vou passar aí.
                 O médico fez uma pausa.
                 — Se nos encontrarmos, Sra. Solomon, por favor, não comente nada com seu irmão até eu ter a
          oportunidade de lhe explicar meu equívoco.
                 — Tudo bem.
                 — Obrigado. Meu consultório fica em Kalorama Heights. — Ele lhe deu um endereço.
                 Vinte  minutos  depois,  Katherine  Solomon  percorria  as  imponentes ruas  de  Kalorama  Heights.
          Tinha ligado para todos os telefones do irmão sem obter resposta. Ainda não estava excessivamente
          preocupada  com  o  seu  paradeiro,  mas,  mesmo  assim,  a  notícia  de  que  ele  vinha  consultando  um
          médico era inquietante.
                 Quando Katherine finalmente localizou o endereço, ergueu os olhos para a casa, confusa. Isto
          aqui é um consultório?
                 A  opulenta  mansão  à  sua  frente  tinha  uma  cerca  de  segurança  de  ferro  forjado,  câmeras
          eletrônicas e um luxuriante jardim. Quando ela diminuiu a velocidade para confirmar o endereço, uma
          das câmeras girou na sua direção e o portão se abriu. Hesitante, Katherine subiu a rampa de acesso
          para veículos e estacionou ao lado de uma garagem para seis carros e de uma limusine.
                 Que tipo de médico esse cara é?
                 Quando  ela  desceu  do  carro,  a  porta  da  frente  da  mansão  se  abriu  e  uma  figura  elegante
          apareceu no patamar. Era um homem bonito, excepcionalmente alto, e mais jovem do que ela havia
          imaginado.  Mesmo  assim,  transmitia  a  sofisticação  e  o  refinamento  de  alguém  mais  velho.  Estava
          vestido  de  forma  impecável  com  um  terno  escuro  e  uma  gravata,  seus  grossos  cabelos  louros
          penteados à perfeição.
                 —  Sra.  Solomon,  Dr.  Christopher  Abaddon  —  disse  ele  com  uma  voz  que  era  um  sussurro
          rouco. Quando Katherine apertou a mão dele, sentiu que sua pele tinha uma textura lisa e bem cuidada.
                 — Katherine Solomon — apresentou-se ela, tentando não ficar olhando demais para aquela pele
          excepcionalmente lisa e bronzeada. Ele está usando maquiagem?
                 Katherine sentiu uma inquietação crescente ao entrar no hall mobiliado com requinte. Ouvia-se
          música clássica tocando baixinho ao fundo, e no ar pairava um cheiro de incenso.
                 — Isso aqui é lindo — disse ela —, mas eu esperava algo mais parecido com um... consultório.
                 — Tenho a sorte de trabalhar em casa. — O homem a conduziu até uma sala de estar onde
          crepitava uma lareira acesa. — Por favor, sinta-se em casa. Estou fazendo um chá. Vou trazê-lo, aí
          poderemos conversar. — Ele saiu andando em direção à cozinha e desapareceu.
                 Katherine  Solomon  não  se  sentou.  A  intuição  feminina  era  um  instinto  poderoso  no  qual  ela
          havia aprendido a confiar, e alguma coisa naquele lugar a deixava toda arrepiada. Ela não enxergava
          nada remotamente parecido com qualquer consultório médico que já tivesse visto na vida. As paredes
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