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científicos  feitos  pelas  culturas  do  Oriente  Médio,  entre  eles  o  sistema  numérico  moderno,  cujas
          vantagens em relação aos algarismos romanos incluíam a “notação posicional” e a invenção do número
          0. É claro que Langdon sempre concluía a palestra lembrando que a cultura árabe também havia legado
          ao mundo a palavra al-kuhl: a bebida preferida dos calouros de Harvard, conhecida como álcool.
                 Langdon analisou a tatuagem, sentindo-se intrigado.
                 — Não estou sequer seguro quanto ao 885. A caligrafia retilínea parece incomum. Talvez não
          sejam números.
                 — Então o que são? — perguntou Sato.
                 — Não tenho certeza. A tatuagem toda parece quase... rúnica.
                 — Ou seja? — indagou Sato.
                 — Os alfabetos rúnicos são formados apenas por linhas retas. As letras se chamam runas e
          eram muitas vezes usadas em gravações em pedra, porque as curvas são mais difíceis de se esculpir.
                 — Se isto aqui são runas — disse Sato —, o que significam?
                 Langdon balançou a cabeça negativamente. Seu conhecimento se limitava ao mais rudimentar
          dos alfabetos rúnicos — o futhark —, um sistema teutônico do século III, e aquilo ali não era futhark.
                 — Para ser sincero, não tenho sequer certeza de que sejam runas. Seria preciso consultar um
          especialista. Existem dezenas de formas diferentes: o hälsinge, o manx, o stungnar “pontilhado”...
                 — Peter Solomon é maçom, não é?
                 Langdon olhou para ela sem entender.
                 — É, mas o que isso tem a ver com o que está acontecendo aqui? — Ele levantou, agigantando-
          se diante da mulher baixinha.
                 — O senhor é quem vai me dizer. Acabou de falar que os alfabetos rúnicos são usados para
          gravar pedra e, pelo que sei, os primeiros francomaçons eram artífices que trabalhavam com pedras. Só
          estou mencionando isso porque, quando pedi à minha equipe para procurar uma conexão entre a Mão
          dos Mistérios e Peter Solomon, a busca deles só produziu um único vínculo. — Ela fez uma pausa,
          como para enfatizar a importância de sua descoberta. — Os maçons.
                 Langdon soltou o ar com força, lutando contra o impulso de lhe dizer a mesma coisa que vivia
          repetindo a seus alunos: “Google” não é sinônimo de “pesquisa”. Nessa época de buscas em massa de
          palavras-chave na internet, parecia que tudo estava ligado a tudo. O mundo estava se transformando
          em uma grande e embaralhada rede de informações cuja densidade aumentava a cada dia.
                 Langdon manteve um tom de voz paciente.
                 — Não estou surpreso com o fato de os maçons terem aparecido na pesquisa da sua equipe.
          Eles são um vínculo óbvio entre Peter Solomon e vários assuntos esotéricos.
                 —  Sim  —  disse  Sato —,  o que  me faz  questionar  por que  o  senhor ainda  não  mencionou  a
          Maçonaria. Afinal de contas, professor, o senhor vem falando sobre um conhecimento secreto protegido
          por uns poucos iluminados. Soa bem maçônico, não?
                 —  Sim...  e  soa  também  como  vários  outros  grupos  esotéricos,  como  a  Ordem  Rosa-cruz,  a
          Cabala e os Alumbrados.
                 — Mas Peter Solomon  é maçom... e um maçom muito poderoso, ainda por cima. Me parece
          natural pensar nos maçons quando falamos sobre segredos. Só Deus sabe quanto eles amam os deles.
                 Langdon podia ouvir a desconfiança na voz dela.
                 — Se a senhora quer saber alguma coisa sobre os maçons, é muito melhor perguntar a eles.
                 — Na verdade — disse Sato —, prefiro perguntar a alguém em quem eu confie.
                 Langdon considerou aquele comentário ao mesmo tempo ignorante e ofensivo.
                 —  Para  seu  governo,  minha  senhora,  toda  a  filosofia  maçônica  se  baseia  nos  conceitos  de
          honestidade e integridade. Os maçons estão entre os homens mais dignos de confiança que a senhora
          jamais poderia sonhar em conhecer.
                 — Já tive provas do contrário.
                 A cada segundo que passava, Langdon gostava menos da diretora Sato. Havia passado anos
          escrevendo  sobre  a  rica  tradição  maçônica  de  iconografia  e  símbolos  metafóricos,  e  sabia  que  a
          Maçonaria tinha sido uma das organizações mais injustamente demonizadas e mal compreendidas do
          mundo. Regularmente acusados de todo tipo de coisa, de culto ao demônio até conspiração para formar
          um governo único mundial, os maçons tinham também uma política de nunca reagir às críticas, o que os
          tornava um alvo fácil.
                 —  Não  importa  —  disse  Sato  em  tom  mordaz  —,  estamos  novamente  em  um  impasse,  Sr.
          Langdon. Parece-me que ou o senhor está deixando passar alguma coisa... ou está me escondendo
          algo.  O  homem  com  quem  estamos  lidando  disse  que  Peter  Solomon  o  escolheu.  —  Ela  encarou
          Langdon com um olhar frio.
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