Page 56 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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— Acho que está na hora de transferirmos esta conversa para a sede da CIA. Quem sabe lá
          tenhamos mais sorte.
                 Langdon mal registrou a ameaça de Sato. Ela havia acabado de dizer algo que ficara cravado
          em sua mente. Peter Solomon o escolheu. Esse comentário, aliado à menção aos maçons, causara um
          efeito estranho em Langdon. Ele baixou os olhos para o anel no dedo de Peter. Aquele era um dos
          objetos mais estimados do seu amigo — uma herança da família Solomon que trazia o símbolo da fênix
          de duas cabeças, o maior ícone místico do saber maçônico. O ouro cintilou sob a luz, despertando uma
          antiga lembrança.
                 Langdon teve um sobressalto ao se lembrar do sussurro sinistro do captor de Peter. O senhor
          realmente ainda não entendeu, não é? O motivo por que foi escolhido?
                 Então, em um instante de terror, seus pensamentos entraram em foco e a névoa se dissipou.
                 Na mesma hora, o objetivo de sua presença ali ficou cristalino.
                 A 16 quilômetros dali, enquanto dirigia rumo ao sul pela Suitland Parkway, Mal’akh sentiu uma
          vibração inconfundível no banco ao seu lado. Era o iPhone de Peter Solomon, que naquele dia havia se
          revelado uma poderosa ferramenta. O identificador visual de chamadas passara a exibir a imagem de
          uma atraente mulher de meia-idade com longos cabelos pretos.

                 CHAMADA — KATHERINE SOLOMON

                 Mal’akh sorriu, ignorando a ligação. O destino me leva para mais perto.
                 Ele  havia  atraído  Katherine  Solomon  até  sua  casa  por  um  único  motivo  —  descobrir  se  ela
          possuía  alguma  informação  que  pudesse  auxiliá-lo,  talvez  um  segredo  de  família  que  o  ajudasse  a
          localizar o que buscava. Mas era óbvio que Peter não revelara nada sobre o que vinha guardando para
          si durante todos aqueles anos.
                 Mesmo assim, Mal’akh tinha descoberto outra coisa graças a Katherine. Algo que rendeu a ela
          algumas horas a mais de vida hoje. Katherine lhe confirmara que toda a sua pesquisa se encontrava em
          um só lugar, trancada na segurança de seu laboratório.
                 Preciso destruir tudo.
                 A pesquisa de Katherine estava prestes a abrir uma nova porta de compreensão e, quando isso
          acontecesse, mesmo que fosse somente uma frestinha, outras viriam. Seria apenas uma questão de
          tempo para que tudo mudasse. Não posso deixar isso acontecer. O mundo precisa ficar como está... à
          deriva em meio à escuridão da ignorância.
                 O  iPhone  emitiu  um  bipe,  indicando  que  Katherine  tinha  deixado  uma  mensagem  de  voz.
          Mal’akh escutou o recado.
                 “Peter, sou eu de novo.” A voz de Katherine soava preocupada. “Onde você está? Não consigo
          tirar minha conversa com o Dr. Abaddon da cabeça... e estou aflita. Está tudo bem? Por favor, me ligue.
          Estou no laboratório.”
                 O recado terminou.
                 Mal’akh sorriu. Katherine deveria se preocupar menos com o irmão e mais consigo mesma. Ele
          saiu da Suitland Parkway e pegou a Silver Hill Road. Pouco mais de um quilômetro depois, no escuro,
          pôde  ver  a  silhueta  tênue  do  CAMS  aninhado  entre  as  árvores,  à  sua  direita.  O  complexo  todo  era
          protegido por uma cerca alta de fita farpada.
                 Um prédio seguro? Mal’akh deu uma risadinha. Sei de alguém que vai abrir a porta para mim.


          CAPÍTULO 24

                 A revelação se abateu sobre Langdon feito uma onda.
                 Eu sei por que estou aqui.
                 Parado no centro da Rotunda, ele sentiu um poderoso impulso de se virar e sair correndo... da
          mão de Peter, do reluzente anel de ouro, dos olhos desconfiados de Sato e Anderson. Em vez disso,
          ficou  exatamente  onde  estava,  apertando  com  mais  força  a  bolsa  de  viagem  pendurada  no  ombro.
          Preciso sair daqui.
                 Seu maxilar se contraía à medida que sua memória repassava a cena daquela fria manhã em
          Cambridge, muitos anos atrás. Eram seis da manhã e Langdon estava entrando em sua sala de aula
          como sempre fazia depois das religiosas braçadas na piscina de Harvard. Os conhecidos cheiros de pó
          de giz e calefação a vapor o acolheram quando atravessou a soleira. Ele deu dois passos em direção à
          sua mesa, mas estacou.
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