Page 61 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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Meio coisa de leigo, mas não é má ideia. Trish acessou o Whois e fez uma busca do IP,
esperando que os números cifrados correspondessem a algum domínio existente. Sua frustração agora
se misturava a uma curiosidade cada vez maior. Quem está com esse arquivo? Os resultados do Whois
apareceram logo, sem encontrar nada, e Trish ergueu as mãos num gesto de derrota.
— É como se esse endereço de IP não existisse. Não consigo encontrar nenhuma informação
sobre ele.
— É óbvio que o IP existe. Nós acabamos de pesquisar um arquivo armazenado nele!
É verdade. No entanto, quem quer que possuísse aquele arquivo aparentemente preferia não
revelar sua identidade.
— Não sei muito bem o que dizer. Rastreamento de sistemas na verdade não é minha
especialidade e, a menos que você queira ligar para alguém com talentos de hacker, eu não sei o que
fazer.
— Você conhece alguém?
Trish se virou para encarar a chefe.
— Katherine, eu estava brincando. Não é exatamente uma boa ideia.
— Mas as pessoas fazem isso? — Ela verificou o relógio.
— Hã, sim... o tempo todo. Tecnicamente falando, é bem fácil.
— Quem você conhece?
— Que seja hacker? — Trish deu uma risada nervosa. — Tipo metade dos caras do meu antigo
emprego.
— Alguém em quem você confie?
Ela está falando sério? Trish podia ver que sim, e muito.
— Bom, sim — respondeu ela depressa. — Conheço um cara para quem poderíamos ligar. Ele
era nosso especialista em segurança de sistemas... um nerd de carteirinha. Queria sair comigo, o que
era meio constrangedor, mas é um cara legal e eu confio nele. Além disso, ele trabalha como freelance.
— Ele sabe ser discreto?
— Ele é hacker. É claro que sabe ser discreto. É o trabalho dele. Mas tenho certeza de que iria
querer pelo menos mil pratas só para olhar...
— Ligue para ele. Ofereça o dobro se os resultados saírem rápido.
Trish não sabia o que a deixava mais desconfortável: ajudar Katherine Solomon a contratar um
hacker... ou ligar para um cara que provavelmente ainda achava inacreditável que uma analista de
metassistemas ruiva, baixinha e gorducha pudesse resistir a suas investidas românticas.
— Tem certeza disso?
— Pode usar o telefone da biblioteca — disse Katherine. — O número é protegido. E não diga
meu nome, claro.
— Está bem. — Trish se encaminhou para a porta, mas parou ao ouvir o toque do iPhone de
Katherine. Com sorte, a mensagem de texto que havia acabado de chegar continha alguma informação
capaz de livrá-la daquela tarefa desagradável. Ela esperou Katherine retirar o iPhone do bolso do jaleco
e olhar para a tela.
Katherine sentiu uma onda de alívio ao ver o nome escrito em seu iPhone.
Finalmente.
PETER SOLOMON
— É um torpedo do meu irmão — disse ela, relanceando os olhos para Trish.
O rosto de Trish se encheu de esperança.
— Então talvez devêssemos perguntar a ele sobre essa história toda.., antes de ligar para um
hacker?
Katherine olhou para o documento editado no telão de plasma e ouviu a voz do Dr. Abaddon.
Aquilo que seu irmão acredita que está escondido na capital... pode ser encontrado. Ela não sabia mais
no que acreditar, e aquele documento continha informações sobre as ideias estapafúrdias que
aparentemente haviam se tornado uma obsessão para Peter.
Katherine fez que não com a cabeça.
— Eu quero saber quem escreveu isso e onde o arquivo está armazenado. Pode ligar.
Meio desanimada, Trish encaminhou-se para a porta.
Quer aquele arquivo pudesse ou não desvendar o que estava por trás da história que Peter
havia contado ao Dr. Abaddon, pelo menos um mistério fora solucionado naquele dia, pensou
Katherine. Seu irmão finalmente havia aprendido a usar a função de mensagens de texto do iPhone que
ela lhe dera de presente.