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animais (Caeiro, 2006). Também no grego encontramos um outro vocábulo, éthos, que

                  designa  o  conjuntos  dos  costumes  ou  hábitos  de  uma  sociedade.  De  igual  modo, os
                  romanos atribuíam o mesmo significado ao étimo latino mos que evoluiu para moral.

                  Neste  sentido,  podemos  referir  que  ética  e  moral  têm  o  mesmo  significado  neste

                  período.  Hoje,  há  investigadores  que  fazem  algumas  distinções  entre  ética  e  moral,
                  como iremos ver.

                         De um modo geral, a ética pode ser vista como um conjunto de regras, princípios
                  ou maneiras de pensar que orientam as acções de um grupo em particular (moralidade)

                  ou o estudo sistemático sobre como nós devemos actuar (filosofia moral).
                          Rego et al.  (2007b) referem que a teoria ética procura reflectir acerca da (in)

                  correcção  das  acções.  Procura  inserir  clareza,  substância  e  precisão  nos  argumentos.

                  Questiona-se  se  os  valores  de  uma  determinada  sociedade  são  adequados,  se  há
                  conflitualidade e inconsistências nas práticas e nas crenças existentes.

                          A ética procura pôr as crenças morais e as práticas sociais sob a égide de um
                  conjunto unido e coerente de linhas de orientação e conceitos. Assim:

                        A moralidade é constituida por aquilo que deve ser feito por cada um com vista

                         a cumprir as normas de comportamento existentes na sociedade.
                        A teoria ética (ou simplesmente  “ética”)  fundamenta-se  nas razões  filosóficas

                         que apoiam ou refutam a moralidade imposta pela sociedade.
                      Para J.C. Neves (2008:241),

                                   “a ética só pode funcionar se, além da realidade do ser humano
                                   e de um conjunto de regras e valores, existir um modelo, um
                                   objectivo, uma definição do bem do ser humano, de como ele

                                   deveria  ser.  Só  com  estes  dois  pontos,  o  que  somos  e  o  que
                                   deveríamos  ser,  é  possível  traçar  a  recta  que  são  as  normas
                                   morais”.
                         Por seu lado, Srour (2000)  divide a ética em duas teorias: A Ética de Convicção

                  e  a  Ética  da  Responsabilidade.  A  primeira  é  uma  ética  convencional,  disciplinada,
                  formalista e incondicional, baseada nos “valores eternos” e em verdades reveladas. A

                  Ética  da  Responsabilidade  é  céptica,  aberta,  situacional  e  condicional,  depende  das
                  circunstâncias. É sustentada por certezas provisórias, sujeita à dinâmica dos costumes e

                  do conhecimento.

                         Os dois modelos representam dois modos distintos de tomar decisões.  A Ética
                  de Convicção confina os seus  seguidores a um  conjunto de obrigações e, ao  mesmo

                  tempo, fortalece-os com as certezas que defende. A Ética da Responsabilidade seduz os

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