Page 27 - Calourando 1ª Edição
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NARRATIVAS DE UMA EXPERIÊNCIA FORMADORA: ENTRE O
SABER E O FAZER
NO PIBID
Dailma B. Fagundes, Josemar N. dos Santos, Wagner da S. Teixeira
do ato de planejar é gigantesca, não somente em nosso revela o quão profundo e inquietante é o exercício de
cotidiano, mas principalmente, no cotidiano de sala de viajarmos em nós mesmos e nos percebermos enquanto
aula. Segundo Moretto (2007), planejar é organizar ações. sujeitos em constante formação. A respeito disto, afirmam
Ele diz que essa é uma definição simples que mostra a Clandinin e Connelly (2011, p.107):
importância do ato de planejar, uma vez que professores e
Ao compormos nossas narrativas, nos
alunos devem planejar suas atividades para facilitar seus movemos no espaço tridimensional,
trabalhos. O planejamento deve ser uma organização das relembramos histórias passadas que
influenciam nossas perspectivas
informações e ideias. presentes através de um movimento
Com vistas a isso nosso planejamento teve início flexível, que considera o subjetivo e o
social e que os situam em um dado
no fim do mês de abril. Passamos cerca de dois meses
contexto.
planejando como seria nossa atuação com os discentes.
Enquanto nos movimentamos no tempo, neste
Realizamos várias reuniões juntamente com os demais
contexto de relembrar nossas experiências, nos
colegas e chegamos à conclusão de que somente seria
percebemos enquanto sujeitos em contínuo processo de
viável uma atuação eficaz se trabalhássemos com os
formação. Esta afirmativa nos leva a concordar com o fato
alunos em turno oposto ao de suas aulas.
Definida esta etapa a próxima fase foi de que refletir sobre nossa própria história nos coloca
planejarmos nossa atuação propriamente dita numa dimensão de formação crítica, que traz
emsala de aula. Como havíamos concordado em
trabalhar os conteúdos em módulos, começamos contribuições não somente para nossa constituição
a planejar os mesmos, considerando a relevância profissional, mas também para nossa constituição social,
CURIOSIDADE
destes para o público alvo, que seria mesclado moral e sentimental, posto que a constituição docente
de alunos do Ensino Fundamental e Médio.
Decidimos então trabalhar um módulo acontece atrelada a todos os demais âmbitos de nossas
introdutório de computação, desde o início e vidas, uma vez que, como já dito, somos produto de todas
evolução dos computadores a sistemas as experiências vividas.
operacionais.
Iniciar nossa atuação com os discentes do Colégio
2.2 COMEÇANDO A ENSINAR... Teixeira de Freitas contribuiu para esta constituição. No
dia 12 de agosto de 2014 nós ministramos a primeira aula:
conceito de computação e evolução dos computadores.
Certos de que o nosso desafio com os educandos
Estávamos radiantes. Finalmente o momento deatuação
começava ali, nos debruçamos em cumprir o nosso papel
prática havia chegado. Trabalhamos, a princípio, com
de ensinar e, paralelamente, aprender. Com base na
duas turmas por dia. Eram de 10 a 12 alunos por turma.
perspectiva freiriana, ensinar exige pesquisa, respeito aos
Víamos, nos primeiros dias, as turmas cheias e nos
saberes dos educandos, exige criticidade e a
sentíamos mais uma vez desafiados. Precisávamos pensar
corporificação das palavras pelo exemplo (FREIRE,
em estratégias para tornar nossa prática atrativa de modo
2013) e nós, dando a devida importância a estas
que obtivéssemos os objetivos almejados.
premissas, pudemos então iniciar o Módulo I: Introdução
Estas atividades eram ministradas duas vezes por
à Comutação e Sistemas Operacionais de nosso curso de
semana, nas terças e quartas-feiras. Cada bolsista
computação com os discentes do Colégio Estadual
ministrava um conteúdo do módulo e os demais
Teixeira de Freitas.
auxiliavam no que fosse preciso. Com o passar dos dias
Relatar esta etapa da experiência mexe com
nos deparamos com uma triste realidade na educação
nossas lembranças, sentimentos e com a nossa capacidade
pública: a evasão dos alunos. As turmas, que iniciaram
de reflexão, mesmo sendo um acontecimento recente, pois