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P         Lembro-me de uma sessão na qual eu estava explicando ao meu terapeuta como a
          P

                  minha infância tinha sido horrível. "Era uma síndrome de           'chutar o cachorro" -
                  expliquei. "Ele tinha um dia difícil no trabalho, voltava para casa e descarregava a
                  raiva em cima de nós. Como eu era a pessoa que mais falava na família, bastavam
                  algum minutos para que ele começasse a gritar comigo por alguma coisa.”
                  Para enfatizar o que eu estava querendo dizer, descrevi a ocasião em que eu tinha
                  18 anos e havia secretamente cronometrado o discurso do           meu pai a respeito do
                  comprimento do     meu cabelo. "Eu sabia que a coisa ia ser difícil naquele dia, de
                  modo que fiquei olhando para o      meu relógio. Duas horas e meia depois ele ainda
                  estava gritando comigo, sem que eu          tivesse dito uma palavra. Você consegue
                  acreditar? Duas horas gritando sem nenhuma provocação da             minha parte? Nunca
                  me esquecerei do que o meu terapeuta disse. "Talvez ele tenha amado muito você."
                  "O quê?", perguntei boquiaberto. "Claro", prosseguiu ele. "Que outro motivo seu pai
                  teria para gastar toda aquela energia tentando corrigir você? “Não acho que ele
                  estava brigando com você; ele estava lutando por você da            melhor maneira que
                  sabia.”
                  Eu nunca tinha pensado naquilo daquele jeito. Lembro-me de ter sentido que o meu
                  terapeuta tinha entrado em um dos armários mais escuros da minha casa
                  psicológica e derrubado no chão um monstro com o qual eu não conseguia lidar. Até
                  aquele momento eu      só tinha olhado para a raiva do meu pai de uma determinada
                  maneira, achando que ele me desvalorizava. Mas talvez ele estivesse zangado
                  comigo porque queria que minha vida fosse melhor. Do seu jeito desajeitado, talvez
                  meu pai estivesse tentando fazer com que eu olhasse para coisas que ele
                  considerava importantes.
                  A história com o meu pai se repetia todas as vezes que estávamos juntos, porque eu
                  interpretava a raiva dele exatamente da mesma maneira. O meu terapeuta fez com
                  que uma janela de oportunidade se abrisse e me ajudasse a romper o ciclo. Depois
                  desse dia continuei a sentir-me tentado a ter as mesmas antigas discussões com o
                  meu pai, mas de um jeito um pouco diferente. Como eu me tornara mais consciente
                  da maneira inconsciente pela qual interpretava a raiva dele como uma rejeição,
                  comecei a perceber que eu poderia ser capaz de          vê-la como uma outra coisa. O
                  nosso relacionamento não foi magicamente restaurado a partir dali, mas           melhorou
                  bastante.
                  Jesus sabia que nós não temos que ser condenados a repetir a mesma história, mas
                  esta se repetirá enquanto não recebermos ajuda dos outros. Precisamos do ponto
                  de vista dos outros a fim de verdadeiramente compreender a nós mesmos. Podemos
                  então optar por viver uma vida nova e      diferente, porque estamos mais conscientes
                  das influências inconscientes que estão determinando nossos comportamentos e
                  nossa vida.
                  A missão espiritual que guiou a vida de Jesus resultou em benefícios psicológicos
                  para todos os que tiveram contato com ele. Hoje em dia chamamos isso de
                  psicoterapia. Na vida de   Jesus, era simplesmente sua maneira de ser. As pessoas
                  tomam consciência de seus mecanismos inconscientes com a ajuda de outra
                  pessoa. Às vezes, o "homem forte" que precisamos que outra pessoa nos ajude a
                  amarrar é a nossa parte inconsciente.




                   PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A mudança nos pontos de vista tem o poder de mudar a
                                                           história.
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