Page 117 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Quase decidido a voltar, ouviu lá longe, no bosque, um tilintar de sinetas.
                  Escutou  com  atenção.  O  som  ia  se  aproximando  cada  vez  mais,  até  que
                  surgiu um trenó, puxado por duas renas.

                         As  renas  eram  do  tamanho  de  um  cavalinho,  de  pêlo  tão  branco
                  quanto a neve. Os chifres eram dourados e brilhavam ao sol. Os arreios, de
                  couro escarlate, estavam cheios de sinetas. Conduzindo as renas, sentado
                  no  trenó,  ia  um  anão  forte  que,  em  pé,  não  devia  ter  nem  um  metro  de
                  altura. Vestia peles de urso polar e trazia um capuz vermelho, de cuja ponta
                  pendia  uma  grande  borla  dourada;  uma  comprida  barba  cobria-lhe  os
                  joelhos,  servindo-lhe  de  manta.  Atrás  dele,  em  lugar  muito  mais
                  importante, no meio do trenó, ia sentada uma criatura muitíssimo diferente:
                  uma grande dama, a maior mulher que Edmundo já vira. Estava também
                  envolta em peles brancas até o pescoço, e trazia, na mão direita, uma longa
                  varinha dourada, e uma coroa de ouro na cabeça. Seu rosto era branco (não
                  apenas claro), branco como a neve, como papel, como açúcar. A boca se
                  destacava,  vermelhíssima.  Era,  apesar  de  tudo,  um  belo  rosto,  mas
                  orgulhoso, frio, duro...

                         Como  era  bonito  o  trenó  aproximando-se,  as  sinetas  tilintando,  o
                  anão estalando o chicote, a neve saltando dos lados!

                         – Alto! – disse a dama, e o anão deu um puxão tão forte que as renas
                  quase caíram sentadas. Depois ficaram mordendo os freios, arquejantes. No
                  ar gelado, o bafo que lhes saía das narinas parecia fumaça.
                         – Ei, você! O que é você? – perguntou a dama, cravando os olhos em
                  Edmundo.

                         –  Eu...  eu...  meu  nome  é  Edmundo  —  respondeu  ele,  meio
                  atrapalhado.  Não  estava  gostando  nada  do  jeito  dela.  A  dama  franziu  as
                  sobrancelhas:

                         – É assim que você fala a uma rainha?

                         – Perdão, Majestade, mas eu não sabia.

                         – Não conhece a rainha de Nárnia!? – exclamou ela, mais severa. –
                  Pois vai passar a me conhecer daqui por diante. Repito: o que é você?
                         – Queira desculpar, Majestade. Não estou sabendo o que a senhora
                  quer dizer. Eu ainda estou na escola... pelo menos estava... agora estou de
                  férias.
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