Page 122 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Edmundo, já meio incomodado por ter comido tanto manjar turco,
sentiu-se ainda pior ao ouvir dizer que a dama da qual se tornara amigo era
uma perigosa feiticeira. Mas, lá no fundo, o que mais desejava era voltar
para fartar-se daquele maravilhoso manjar.
– Mas quem é que lhe contou essa história toda?
– O Sr. Tumnus, o fauno.
– Fique sabendo que a gente não deve acreditar em tudo o que dizem
os faunos – falou Edmundo, querendo mostrar que sabia muito mais do que
Lúcia a respeito de faunos.
– Quem foi que disse?
– Todo o mundo sabe disso; pergunte a quem quiser. Mas o que não
está nada bom é este frio. Vamos pra casa.
– Pois vamos. Estou feliz por você ter vindo. Agora eles têm de
acreditar. Vai ser engraçado...
Edmundo achou que não seria tão engraçado para ele. Teria de
confessar, perante os outros, que Lúcia estava certa, e é claro que Pedro e
Susana tomariam logo o partido dos faunos e dos animais. E ele estava
quase inteiramente do lado da feiticeira. Além disso, não sabia o que havia
de dizer ou como guardar segredo, quando todos estivessem falando de
Nárnia.
Já tinham andado muito. De repente sentiram-se rodeados de
casacos, em vez de ramos de árvores. Daí a pouco estavam na sala vazia.
– Você está com uma cara horrível, Edmundo – disse Lúcia. – Está
passando mal?
– Estou me sentindo muito bem.
Não era verdade. Estava mesmo passando mal. – Vamos ver onde
estão Pedro e Susana. Temos muita coisa para contar...