Page 123 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
P. 123
5
OUTRA VEZ DO LADO DE CÁ
Como estivessem ainda brincando de esconder, levou tempo para que
Edmundo e Lúcia encontrassem Pedro e Susana. Depois de reunidos todos
na sala das armaduras, Lúcia falou:
– Pedro! Susana! É tudo verdade! Edmundo também viu. Há um país
fantástico que a gente alcança pelo guarda-roupa. Edmundo e eu estivemos
lá. Demos um com o outro no meio do bosque. Conte, Edmundo, conte
tudo para eles.
– Que história é essa, Edmundo? – perguntou Pedro.
E agora chegamos a um dos pontos mais terríveis desta história. Até
aquele instante, Edmundo tinha-se sentido mal disposto, mal-humorado,
aborrecido com Lúcia, porque ela estava certa: mas não tinha resolvido o
que fazer. Porém, diante da pergunta de Pedro, decidiu fazer a coisa mais
mesquinha e mais ordinária de que se poderia ter lembrado. Decidiu
humilhar Lúcia.
– Conta, Edmundo – disse Susana.
Edmundo tomou um ar de grande superioridade, como se fosse muito
mais velho do que Lúcia (a diferença era só de um ano), e disse com um
risinho de deboche:
– Ah, é mesmo! Eu e Lúcia estivemos brincando, imaginando que
era verdade tudo aquilo do país maravilhoso dentro do guarda-roupa. Mas
só de brincadeira, é claro. Não existe nada lá.
A coitada da Lúcia olhou para Edmundo e saiu correndo para fora da
sala. Ele, que a cada momento se tornava mais maldoso, achou que tinha
conseguido uma grande vitória.
– Lá vai ela outra vez. Que há com essa garota? Este é o problema
com as crianças pequenas... estão sempre a...
– Cale o bico! – disse Pedro, furioso. – Você está sendo muito
malvado com a Lu, desde que ela apareceu com a loucura do guarda-roupa.
Você está abusando, querendo humilhá-la por causa disso. E por pura
maldade.
– Mas tudo isso é um absurdo! – exclamou Edmundo, um pouco
ressentido.