Page 121 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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chegar à minha casa. Mas tem de trazer os outros! Vou ficar muito zangada
                  se você vier sozinho!

                         – Vou fazer o possível – falou Edmundo.

                         – E outra coisa: nada de falar de mim. Vai ser muito mais engraçado
                  se  for  um  segredo  entre  nós dois.  Não  acha?  Vamos  fazer uma  surpresa
                  para eles. Um rapaz inteligente como você vai achar um jeito de trazê-los
                  até a colina; ao passar em frente da casa, pode dizer: “Vamos ver quem
                  mora  aqui”, ou qualquer  coisa parecida. Será  melhor  assim.  Se  sua irmã
                  encontrou um fauno, é possível que tenha ouvido contar histórias estranhas
                  a  meu  respeito,  histórias  desagradáveis;  pode  ter  medo  de  vir  aqui.  Os
                  faunos falam o que lhes passa pela cabeça, bem sabe disso, e...

                         –  Por  favor,  Majestade  –  interrompeu  Edmundo  de  repente  –,  por
                  favor, não pode me arranjar nem mais um pouquinho de manjar turco para
                  a viagem de volta?
                         – Não, não – disse a rainha com uma risada. – Você tem de esperar
                  pela próxima vez.

                         Fez sinal ao anão para avançar, acenando para Edmundo à medida
                  que o trenó se afastava, e gritando-lhe:

                         – Na próxima vez! Não se esqueça! Volte logo!

                         Edmundo estava ainda olhando para o trenó, quando ouviu alguém
                  chamá-lo pelo nome. Lúcia corria para ele, vindo do outro lado do bosque.

                         – Ó Edmundo, você também entrou aqui? Não é formidável?
                         – Pois é, vejo que você tinha razão: afinal o guarda-roupa é mesmo
                  mágico. Desculpe. Mas onde esteve esse tempo todo?

                         – Se eu soubesse que você tinha entrado aqui, teria esperado – disse
                  Lúcia, que estava ainda muito agitada e contente para reparar na aspereza
                  com que Edmundo falava. – Estive almoçando com o meu bom amigo, Sr.
                  Tumnus,  o  fauno.  Está  muito  bem,  e  a  Feiticeira  Branca  não  lhe  fez
                  nenhum mal por me ter deixado partir. Talvez ela não tenha desconfiado de
                  nada; afinal de contas, pode dar tudo certo.

                         – Quem é a Feiticeira Branca?

                         – Uma pessoa horrorosa. Diz que é a rainha de Nárnia, embora não
                  tenha  o  direito  de  ser  rainha.  E  odiada  por  todos  os  faunos  e  dríades  e
                  náiades e anões e animais... Pelo menos, pelos que são bons. É capaz de
                  transformar  as  pessoas  em  pedra  e  de  fazer  mil  coisas  horríveis.  É  por
                  causa de um encantamento dela que é sempre inverno em Nárnia, sempre
                  inverno, mas o Natal nunca chega. Ela anda num trenó puxado por duas
                  renas, tem uma varinha na mão e uma coroa na cabeça.
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